Um dos personagens mais famosos da Operação Lava-Jato, o japonês da federal está em Belo Horizonte nesta terça-feira (24), mas não é para prender nenhum político. Aposentado em fevereiro deste ano, Newton Ishii (PEN) participa da noite de autógrafos de um livro de 271 páginas nas quais conta, com a ajuda de um jornalista, sua história e os bastidores das prisões que mobilizaram o Brasil nos últimos anos.
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Após prisão e tornozeleira, japonês da federal quer disputar eleição de outubro Japonês da Polícia Federal quer se aposentarDe tornozeleira eletrônica, Japonês da Federal volta a prender acusados da Lava-JatoO livro foi escrito pelo jornalista Luís Humberto Carrijo, que traça um perfil do policial federal que de tanto holofote que ganhou acabou virando marchinha de carnaval e boneco de Olinda. Atualmente, ele está a um passo de virar político profissional. É presidente do PEN, que está mudando seu nome para Patriota, no Paraná.
Apesar de filiado e de sofrer muita pressão da legenda para concorrer a deputado federal em outubro, Newton Ishii garante que não é sua vontade disputar uma cadeira. A decisão será tomada até 4 de agosto, quando o partido faz sua convenção.
“Aposentei há quatro meses e não parei por causa do livro, tenho minha filha (Jordana) e minha mãe viva (Neuza), que quero curtir”, disse.
"Xixi" em petista
O japonês da federal diz que o livro saiu “melhor do que o esperado”. Ele dá bastidores não só das abordagens para prender os políticos, mas dia a dia deles atrás das grades, já que era chefe da carceragem de Curitiba, por onde passaram políticos como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o ex-ministro Antônio Palocci.
“Conto, por exemplo, que o Nestor Cerveró acordava de noite e errava o vaso, então acabava urinando nos pés de outros presos.” Uma das vítimas, segundo o japonês, teria sido o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
Ishii conduziu prisões como a do empresário Marcelo Odebrecht e do ex-deputado Pedro Correia.
Faltou o Lula
Aposentou antes da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se entregou em 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena pela condenação do caso do Triplex no Guarujá em sala especial.
O japonês garante não ter “frustração” por não ter prendido uma das lideranças mais expressivas do país. “Isso é indiferente, não lidamos com isso com personalismo, até porque se você leva para o lado pessoal acaba prejudicando a operação em si.
Ishi disse que não gosta de criar polêmicas. Escolheu um partido político nanico para se filiar, “sem pensar se é esquerda ou direita”. “O que importa mesmo é política social, tem que ver educação, saúde, segurança”.
O policial aposentado diz não ser político, mas administrador do partido. Trabalha no momento com a formação das chapas no Paraná.
Prisão e tornozeleira
No livro, ele conta da condenação que sofreu por contrabando mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2016. Naquele ano, Ishii foi preso em uma sala da PF em Curitiba por causa da Operação Sucuri, que em 2003 revelou que ele e outros agentes teriam permitido a entrada de contrabando vindo do Paraguai no Brasil.
Com a pena de 4 anos e 2 meses no regime semiaberto, voltou a trabalhar com tornozeleira eletrônica, o que lhe valeu para reduzir a pena.
A condenação o torna ficha-suja, mas Ishi contesta a pecha de inelegível, alegando que foi uma decisão monocrática.
Vida pessoal
O livro também conta a história pessoal de Newton Ishii, como a perda do filho Eduardo, que cometeu suicídio em 2005, e da mulher Fátima, que teve problemas com depressão e acabou morrendo também em 2009.
O lançamento do livro do japonês da federal será na Livraria Leitura do Pátio Savassi às 19h desta terça-feira. Ishii já foi a São Paulo para noite de autógrafos e ainda vai ao Rio de Janeiro e São Paulo. .