O Brasil não tem dívida histórica com a escravidão. Essa foi uma das opiniões manifesta nesta segunda-feira pelo candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), durante o programa de entrevistas Roda Viva da Tv Cultura, quando questionado se seria favorável à manutenção da ação afirmativa de cotas raciais nas universidades. Segundo Bolsonaro, os portugueses não pisavam na África e “eram os próprios negros que entregavam os escravos”. Ele afirmou: “Que dívida é essa meu Deus do céu. Um negro não é melhor do que eu nem eu sou melhor do que ele. Por que cotas?”, indagou, assinalando que terminar com a política de cotas dependeria do Congresso Nacional, mas que ele proporia a diminuição dos percentuais.
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Em sua leitura muito particular da história, em 1964 não teria havido um golpe de estado com a participação militar, civil, empresarial e do capital multinacional. “Golpe é quando mete o pé na porta e tira o cidadão lá”, afirmou, dizendo que João Goulart teria deixado o governo, quando, em verdade, Jango estava no Rio Grande do Sul em busca de apoio de aliados já que estava na iminência de ser detido pelos articuladores do golpe. Aliás, esse foi o argumento utilizado pelo senador Auro de Moura Andrade para em 2 de abril de 1964 destitui-lo do cargo, abrindo caminho para a instalação do regime militar e a posse do marechal Castelo Branco na Presidência.
Bolsonaro foi o 10o da série de pré-candidatos entrevistados pelo Roda Viva, da Tv Cultura.
Antes do programa, quando conversava com o apresentador Paulo Lessa, Bolsonaro admitiu ser a primeira vez que enfrentaria uma bancada com tantos jornalistas. “Espero que não seja pelotão de fuzilamento”, afirmou. “De jeito nenhum. Aqui os direitos humanos estão garantidos”, retrucou o entrevistador. O candidato replicou: “Eu sempre defendi direitos humanos para humanos direitos”..