São Paulo, 01 - Às vésperas do prazo final para a realização das convenções partidárias, as candidaturas de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) ainda tentam evitar o isolamento na disputa presidencial, mas as negociações com PV e PSB, respectivamente, esbarram na tendência de neutralidade das siglas. Sem aliança com outros partidos, Ciro e Marina podem ser obrigados a optar por chapas puras.
Nesta terça-feira, 31, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, se reuniu em Brasília com dirigentes de PT, PCdoB e PDT. O encontro foi interpretado como um indicativo de que o partido, na convenção marcada para domingo, deverá optar pela independência no primeiro turno. Além disso, a tendência é de que a Executiva vete que os candidatos nos Estados apoiem determinados nomes, como Jair Bolsonaro (PSL).
"As três hipóteses são apoiar Ciro Gomes, apoiar o PT ou não apoiar nenhum dos dois e indicar o rumo, com um documento político. Não pode apoiar Bolsonaro, por exemplo. Quem fizer isso deve ficar como dissidente, não como orientação partidária", afirmou Siqueira depois da reunião. O presidente do PSB disse também que a ideia é construir um consenso até a convenção. De acordo com Siqueira, o ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci já se colocou à disposição para ser vice em qualquer uma das chapas.
Para líderes do partido, o PSB deve manter o foco na eleição de governadores.
Na semana passada, o PDT de Ciro anunciou apoio à reeleição do governador de São Paulo, Márcio França (PSB), mas ele tem defendido a independência do PSB. São Paulo e Pernambuco, onde o governador Paulo Câmara (PSB) defende o apoio ao PT, são os Estados com o maior número de delegados na convenção nacional. Ciro conta com a simpatia dos diretórios de Minas Gerais, do Distrito Federal e do Ceará.
PV
A possibilidade de chapa pura não está descartada na Rede, mas não seria o ideal, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "É nosso plano E. O ideal é ter uma chapa com outro partido." São citados como possíveis nomes para compor uma chapa pura a ex-senadora Heloísa Helena, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e Paes de Barros, um dos pais do Bolsa Família.
Marina aposta suas fichas no PV e quer anunciar o vice na convenção nacional, no sábado. Os verdes devem dar sua resposta até lá. Apesar de uma ala defender o apoio à pré-candidata da Rede, um grupo ainda resiste à aliança em função dos acordos nos Estados. Há coligações regionais em que o PV está fechado com PSDB ou com o PDT, que têm presidenciáveis.
O nome mais provável para compor a possível chapa seria Eduardo Jorge, candidato a presidente pelo PV em 2014. O PV foi o único partido para o qual a Rede ofereceu o cargo. Isso ocorreu no sábado passado, na convenção nacional do PV, em Brasília. Os verdes já haviam decidido não apoiar nenhum presidenciável, mas, com a proposta, delegaram a palavra final à da executiva nacional.
"Até por gentileza estamos abertos a conversar", disse o presidente do PV, José Luiz Penna, que relatou afastamento do presidenciável tucano, Geraldo Alckmin. "Estamos mais próximos de não ter candidato, mas vamos ouvir as regionais", afirmou o dirigente.
Penna e o porta-voz da Rede, Pedro Ivo, se encontraram na quinta-feira passada.
O Estado de S. Paulo.
(Marianna Holanda, Pedro Venceslau, Renan Truffi e Ricardo Galhardo).