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Estado de Minas

Lacerda e Executiva Nacional do PSB entram em rota de colisão

Ex-prefeito chama de "truculento" acordo da direção do partido com PT que rifa sua candidatura e ameaça recorrer à Justiça. Mas nova manobra muda comissão local para barrar o socialista


postado em 03/08/2018 06:00 / atualizado em 03/08/2018 08:29

Marcio Lacerda rebate afirmação do presidente do PSB de que sua candidatura era de
Marcio Lacerda rebate afirmação do presidente do PSB de que sua candidatura era de "faz de conta" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) anunciou ontem a decisão de enfrentar a determinação da Executiva Nacional do PSB de retirada de sua candidatura ao governo de Minas.


Lacerda declarou a sua disposição de ir à convenção estadual amanhã por considerá-la soberana, determinado a homologar a indicação de seu nome para a sucessão estadual. Ele classificou de “truculento”, “antidemocrático” e “injusto” o acordo nacional entre PT e PSB – pelo qual o PSB em Minas e o PT em Pernambuco retiraram as candidaturas aos governos estaduais e os socialistas mantêm a neutralidade na disputa presidencial.

A disputa tende a ser judicializada, já que Lacerda anunciou a intenção de lutar “até o fim” por sua candidatura. Em nova investida no início da noite de ontem, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, comunicou ao Tribunal Regional Eleitoral a destituição da comissão provisória do partido em Minas e a nomeação de outra, presidida por Renê Vilela e ligada ao deputado Júlio Delgado, adversário político do ex-prefeito e contrário à candidatura dele.

Segundo Siqueira, o acordo foi fechado porque Lacerda teria lhe dito, há três meses, que não pretendia concorrer ao governo de Minas e só mudara de ideia há duas semanas, com a aproximação do MDB. “Só quero dizer que a candidatura dele de faz de conta não existirá”, afirmou Siqueira, que ainda disse que o acordo nacional não prevê obrigatoriedade de coligação do PSB com o PT em Minas. “Lacerda decidiu ir para confronto, depois de combinar essa saída diferente”, afirmou ainda Siqueira, acrescentando que foi anunciada a coligação do PSB com o PT em Minas como parte do acordo nacional a pedido de Lacerda, para facilitar a sua desistência.

Sem deixar barato, Lacerda contestou a versão de Siqueira: “Jamais houve  acordo para manter uma candidatura de aparências. Tanto que, após este encontro, mantive a minha agenda de pré-candidato. Visitei quase 200 cidades, neste período de pré-campanha”, afirmou em nota, acrescentando que, mesmo face ao noticiário nacional de que seria vice na chapa de Ciro Gomes (PDT), manteve a sua pré-candidatura e intensificou as negociações. Lacerda, que tinha a garantia de apoio do Pros e do PDT – e fechara na manhã de anteontem os detalhes da coligação com MDB, PV, Podemos e PRB, dialogava com o pré-candidato do DEM Rodrigo Pacheco e o PP no exato momento em que Siqueira chegou em BH para informá-lo da decisão nacional.

Estava no seu melhor momento de maior desenvoltura da pré-campanha, prestes a fechar a coligação que lhe garantiria o maior tempo de TV entre todos os candidatos, dando robustez à possibilidade de construção de uma terceira via à polarização entre as candidaturas do PT, do governador Fernando Pimentel e do PSDB, do senador Antonio Anastasia. “Nossa candidatura crescia e se fortalecia como terceira via muito viável dentro da tradicional polarização entre PT e PSDB que vem infelicitando Minas já há bastante tempo”, afirmou Lacerda.

Ainda que Lacerda venha a confirmar na Justiça a sua candidatura, ele admitiu que a movimentação do PSB nacional gerou insegurança para as coligações. Apesar disso, afirmou que PDT e Pros mantinham o apoio ao seu nome. Lacerda garantiu que em hipótese alguma apoiará o PT. Mas candidato ou não, disse que se envolverá na campanha, sinalizando, sem nominar, que apoiaria uma “terceira via” se não puder concorrer.

‘PODER DE APROVAR’ Segundo Siqueira a resolução aprovada no 14º Congresso Nacional do PSB, em março, dá à direção nacional poder de aprovar ou não as coligações em cada estado. “São coligações que têm de acontecer no campo da centro-esquerda. Em todas as eleições, esse procedimento se repete, inclusive, em 9 de julho, enviei carta a todos os diretórios solicitando que encaminhassem as coligações em curso para análise da nacional e aprovação”, disse.

Mas, para o especialista em direito eleitoral João Batista de Oliveira, a convenção partidária é soberana e ninguém pode anulá-la, nem o diretório nacional o que permite a Lacerda manter a candidatura, já que, se desconhece que o congresso do PSB tenha publicado norma com essas informações. “E se não publicou, não tem validade alguma. Haverá a candidatura de Lacerda”, avaliou.


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