A candidatura do PSB ao governo de Minas virou guerra judicial. Em convenção tumultuada, com tapas, socos e quebradeira, o grupo ligado ao ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda aprovou ontem, no grito, porque o sistema de som foi danificado, o nome dele para concorrer ao governo de Minas. A direção nacional da legenda, que determinou a retirada da candidatura do ex-prefeito em favor do governador Fernando Pimentel (PT), trata o evento como ilegal e informou que vai anular seus efeitos no congresso nacional do partido, hoje, em Brasília.
Em nota, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, informou que não reconhece o resultado da convenção estadual nem a candidatura de Lacerda ao governo do estado. “A convenção nacional do partido, que se realizará neste domingo, em Brasília, anulará o resultado do congresso do PSB mineiro, que já havia sido cancelado pela nova comissão provisória no estado”, afirmou. A convenção estadual convocada pela nova direção estadual do PSB em Minas está mantida para hoje, às 20h, em Contagem, na região metropolitana.
Amparada por liminar de sexta-feira do TRE-MG que suspendeu a destituição da comissão provisória no estado, o grupo ligado a Lacerda realizou o evento na marra. A direção nacional argumenta que decisão de mais tarde, na sexta-feira, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reconheceu a decisão que tira o grupo de Lacerda do comando do partido e, portanto, a convenção foi ilegal. Com a briga política nos tribunais eleitorais, a disputa será resolvida na Justiça. Em 15 de agosto, termina o prazo para candidatos e coligações apresentarem o requerimento do registro de candidatos no TSE.
Sob os gritos de “governador”, Lacerda apareceu na convenção somente no fim do evento e, na rua, discursou para aliados, tratando o momento como “histórico”.
Ele se referia ao deputado federal Júlio Delgado, membro da executiva nacional do PSB, que chegou ao evento com o novo presidente estadual da legenda, Renê Vilela, com empurra-empurra e sendo xingado de “golpista”. Na confusão, o sistema de som foi danificado e pessoas dizem que foram agredidas. “A reunião começou e, em menos de cinco minutos, estava terminando.
Delgado disse que foi avisado por seguranças de que apoiadores de Lacerda estavam portando arma de fogo, justificando que a hostilidade partiu dos dois lados. O deputado chamou ainda a convenção de ‘falsa’:. “Não se pode apresentar duas questões iguais em instâncias diferentes e a que se sobrepõe é a instância superior, que cancelou a liminar (que liberava a convenção)”, afirma Delgado. O delegado Pier Senesi, que presidiu a convenção, afirmou que foi empurrado e teve o microfone arrancado das mãos e quebrado. Ele destacou que, além da aprovação da candidatura de Lacerda, foi aprovada chapa completa para deputados estadual e federal. A coligação deve ser com Pros, PV, PRB, PDT e Podemos.
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TRE-MG garante convenção que oficializa Lacerda como candidato a governador pelo PSB Entre tapas e socos é sonho ou pesadelo?PSB decide não apoiar nenhum candidato na eleição para presidenteDOIS PROCESSOS O assessor jurídico da pré-campanha de Lacerda, José Sad Júnior, afirmou que a decisão do TSE a respeito a comissão provisória do PSB no estado não anula os efeitos da liminar do TRE-MG, viabilizando o registro da candidatura, que ocorreria ainda ontem. Sad explicou que há dois processos independentes correndo a respeito da chapa do ex-prefeito ao governo. “Não existe contraposição entre as ações e, já adianto para os senhores, a decisão do ministro Napoleão (TSE), com todo o respeito, não entrou no mérito das nossas alegações”, afirma.
A crise entre o PSB mineiro e a direção nacional começou na quarta-feira, quando, por causa de acordo com o PT, o diretório nacional determinou a retirada da candidatura de Lacerda. Em troca, o PT tirou Marília Arraes da disputa em Pernambuco, beneficiando o governador Paulo Câmara (PSB). A comissão provisória do partido em Minas, contrária à decisão nacional, foi destituída e em substituída por outro grupo, comandado por René Vilela..