Ainda sem consenso sobre o que fazer nas eleições deste ano, o MDB vai bater o martelo sobre a disputa pelo Palácio da Liberdade apenas na tarde desse domingo. Em reunião na manhã desse sábado, os integrantes da comissão provisória encarregada de definir o rumo eleitoral resolveram adiar a decisão para o último dia de prazo previsto na legislação eleitoral. O partido está dividido em três opções: a candidatura própria com o deputado estadual Adalclever Lopes, aliança em torno da reeleição de Fernando Pimentel (PT) ou coligação com o PSB do ex-prefeito Marcio Lacerda.
A discussão passa essencialmente pela disputa proporcional, ou seja, cadeiras de deputado estadual e federal. Para se aliar a outro partido, será preciso compabilizar o número de candidatos. Cada coligação pode lançar 79 candidatos estaduais e 116 federais. O objetivo do MDB é fortalecer a chapa e assegurar no mínimo as atuais bancadas: são 14 parlamentares na Assembleia Legislativa e cinco na Câmara dos Deputados.
“Nosso objetivo é fazer o maior número de deputados federais e estaduais e também algum tipo de participação em chapas majoritárias”, afirmou Saraiva Felipe, presidente da comissão provisória. Nessa perspectativa, o mais natural seria a aliança com o PT, o que aumentaria as chances de eleger mais parlamentares. Na avaliação do deputado, o fato de o mineiro ter votado na Câmara pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) não inviabiliza aliança dos dois partidos.
Dilma será oficializada nesse domingo candidata ao Senado pelo PT durante convenção da legenda, e caso seja concretizada a aliança do MDB com o PT, os mesmos parlamentares que votaram pelo seu impeachment farão campanha para ela neste ano. Para Saraiva Felipe, não há razão para constrangimentos. “O MDB no país inteiro está com o PT em muitos estados, como Pará, Alagoas e Sergipe. Acho que isso aí foi relevado não em Minas, mas no país inteiro. Foi relevado no PT e no MDB”, argumentou.
Embora a hipótese seja a menos provável, os emedebistas admitem se aliar a Marcio Lacerda caso ele consiga viabilizar seu nome pelo PSB, contrariando orientação nacional para que não haja candidatura própria em Minas Gerais. O PSB mineiro sofreu intervenção pela direção nacional na quarta-feira, com a destituição do comando e indicação de outro grupo para responder pelo partido, sob a liderança de René Vilela. Nesse sábado, a convenção foi realizada e o nome de Lacerda aprovado, mas a questão ainda está sendo discutida na Justiça Eleitoral, com liminares favoráveis aos dois grupos.
ADALCLEVER
“(A aliança com Lacerda) não está descartada, mas está mais difícil. Esse processo de judicialização partidária costuma se estender e temos prazo até esse domingo para decidir. Então, o que vejo é que o próprio PSB pode passar a correr o risco também de não ter candidatura nenhuma registrada, nem na majoritária nem na proporcional”, argumentou Saraiva.
O lançamento de uma candidatura a governador é outra opção para fortalecer o voto de legenda e assegurar mais cadeiras no Legislativo. Cotado para disputar o cargo de governador, Adalclever Lopes participou da reunião, mas não deu entrevista. Para o Senado, três nomes do MDB estão na disputa: o ex-prefeito de Juiz de Fora Bruno Siqueira, o ex-prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão e o filho dele, o deputado federal Leonardo Quintão. Para a Presidência da República, Saraiva afirmou que o MDB de Minas fará campanha para o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.