O candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, listou quatro pontos a partir do qual pretende estruturar seu programa de governo. "O Brasil precisa mudar", afirmou no evento Coalizão pela Construção, que ouve hoje cinco candidatos à presidência. "Até o Geraldo Alckmin diz isso", alfinetou.
A energia para promover mudanças, disse ele, vem da constatação que há 13,7 milhões de desempregados no País. "São 32 milhões fora do mercado formal. Qual o sistema previdenciário possível de sustentar se você tem 32 milhões de brasileiros na informalidade?" A consequência desse quadro, disse ele, é a explosão da violência.
"De 1980 para cá, o Brasil cresce ridículos 2% ao ano. Não é problema de Manuel ou Chico, é estrutural", disse.
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O segundo ponto é lidar com o "pior nível de endividamento da história" enfrentado pelo setor empresarial. Segundo o candidato, são R$ 2 trilhões em créditos pendentes, dos quais R$ 600 bilhões caminham para se tornarem de recuperação duvidosa. "Com isso, o sistema financeiro se retrai. E o cartel não vai resolver."
O terceiro ponto é o "pior colapso fiscal da história", que reduziu drasticamente os investimentos e começa a afetar o custeio. "Temos 7.000 obras paradas", disse. "Por inadimplência do setor público e por abusos regulatórios, que no Brasil passaram de qualquer nível de razoabilidade."
Os abusos regulatórios colocam como tarefa "restaurar a funcionalidade do poder".
Segundo avaliou, hoje os prefeitos temem tomar providências porque um "garoto do Ministério Público" quer dizer o que fazer, e como. "O Tribunal de Contas do Brasil tem mais engenheiro que os órgãos de execução; só para botar defeito no trabalho dos outros."
O quarto desafio é o desequilíbrio das contas com o estrangeiro. Segundo avaliou, o Brasil vive um quadro em que qualquer reação econômica faz explodir as importações, com repercussões sobre o câmbio.
A partir desses pontos, Ciro pretende organizar seu projeto nacional de desenvolvimento. "Qualquer bodeguinha no interior do Ceará tem planos, mas o Brasil não tem plano para nada", disse. "Nenhum brasileiro sabe qual é a nossa meta em saúde, educação... porque não há essa meta." Esse quadro decorre de uma visão que houve no País que o mercado poderia resolver todos os problemas. "Eu sei a importância da iniciativa privada na humanidade, mas nunca foi exigida da iniciativa privada a tarefa de prover desenvolvimento", disse.
O candidato justificou a falta de detalhamento das propostas. "Temos que ter pragmatismo para falar de coisas complexas em 20 minutos", disse.