Em decorrência da insegurança jurídica provocada pela intervenção nacional do PSB na comissão estadual provisória de Minas, o MDB consultou especialistas antes de bater o martelo em apoio à candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) ao governo do estado. Na batalha jurídica que se anuncia, na hipótese de Lacerda não se viabilizar, a cabeça da chapa majoritária – que tem o apoio de PSB, MDB, PDT, PV, PRB e Podemos -, poderá ser substituída.
“Se a Justiça entender, como alega a direção nacional do partido, que ela tem poder de veto sobre as candidaturas e chapas estaduais, o PSB de Minas poderá sair da coligação majoritária e da proporcional sem prejudicar a aliança com as demais legendas”, afirma um deputado federal do MDB. Embora nos bastidores minuciosamente estudada, a hipótese, contudo, não é abordada publicamente. Ontem, o presidente da comissão provisória do MDB, Saraiva Felipe, desqualificou-a: “Só vamos tratar disso quando e se ocorrer”, afirmou.
Além de Marcio Lacerda encabeçando a coligação Minas Tem Jeito, com Adalclever Lopes de vice, o deputado federal Jaime Martins (PDT) será o único candidato ao Senado, tendo como primeiro suplente Daniel Nepomuceno e segundo suplente Sirlei Soares Soalheiro.
Na chapa proporcional para a bancada federal estão coligados PSB, PDT, PV, PRB e MDB. Podemos e Pros não entraram na aliança e concorrem separadamente. Na chapa proporcional para a Assembleia Legislativa, estarão juntos PSB, PDT, PV, PRB, MDB e Podemos. Segundo Saraiva Felipe, os partidos aliados calculam que a linha de corte para federal deva ficar em torno de 70 mil votos e para estadual cerca de 45 mil votos.
“A chapa ficou muito boa. Dilma Rousseff resolveu um dilema nosso”, disse ontem um emedebista, em referência ao fato de a ex-presidente e candidato a Senado, ter pressionado para que não fosse fechada a coligação, exigindo, inclusive que o MDB – um dos articuladores do seu impeachment- não subisse no mesmo palanque que o candidato à reeleição, governador Fernando Pimentel (PT) e ela, durante a campanha ao Senado.
JUDICIALIZAÇÃO
Já preparado para a judicialização, Marcio Lacerda não abre mão de concorrer, apesar de a direção nacional ter fechado acordo com o PT, para a retirada das candidaturas aos governos de Minas e de Pernambuco, respectivamente de Lacerda e da vereadora Marília Arraes (PT). No primeiro caso havia expectativa de favorecer a reeleição de Fernando Pimentel (PT) e, no segundo, a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB).
O acordo também manteve o PSB sem coligação formal na disputa presidencial, evitando que a legenda migrasse para o candidato do PDT, Ciro Gomes, o que enfraqueceria a candidatura de Lula e de seu vice, Fernando Haddad que trabalham para manter a hegemonia no campo da esquerda.
A convenção nacional destituiu a comissão estadual provisória, contrária à decisão nacional, substituindo-a por outro grupo, comandado por René Vilela. Apesar disso, o grupo ligado a Lacerda, em convenção realizada no sábado sob liminar, aprovou a sua indicação ao governo de Minas, assim como as chapas proporcionais da legenda.
A convenção nacional, no dia seguinte, contudo, anulou a deliberação da convenção do partido em Minas em relação à chapa majoritária, mantendo as lista de candidatos à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Apoiadores de Lacerda defendem a tese de que a decisão da convenção estadual foi soberana e não poderia ser anulada pela nacional. Já o PSB nacional divulgou ontem nota, assinalando que no Congresso Nacional foi unânime em deliberar pela nulidade da candidatura de Marcio Lacerda.