Jornal Estado de Minas

Adalclever pode assumir chapa de Lacerda, se ele ficar fora da disputa


Em decorrência da insegurança jurídica provocada pela intervenção nacional do PSB na comissão estadual provisória de Minas, o MDB consultou especialistas antes de bater o martelo em apoio à candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) ao governo do estado. Na batalha jurídica que se anuncia, na hipótese de Lacerda não se viabilizar, a cabeça da chapa majoritária – que tem o apoio de PSB, MDB, PDT, PV, PRB e Podemos -, poderá ser substituída.

Não apenas o candidato a vice, Adalclever Lopes (MDB), poderá assumir a cabeça, como também outro nome escolhido em nova convenção até 20 dias antes da eleição.

“Se a Justiça entender, como alega a direção nacional do partido, que ela tem poder de veto sobre as candidaturas e chapas estaduais, o PSB de Minas poderá sair da coligação majoritária e da proporcional sem prejudicar a aliança com as demais legendas”, afirma um deputado federal do MDB. Embora nos bastidores minuciosamente estudada, a hipótese, contudo, não é abordada publicamente. Ontem, o presidente da comissão provisória do MDB, Saraiva Felipe, desqualificou-a: “Só vamos tratar disso quando e se ocorrer”, afirmou.

Além de Marcio Lacerda encabeçando a coligação Minas Tem Jeito, com Adalclever Lopes de vice, o deputado federal Jaime Martins (PDT) será o único candidato ao Senado, tendo como primeiro suplente Daniel Nepomuceno e segundo suplente Sirlei Soares Soalheiro.

Na chapa proporcional para a bancada federal estão coligados PSB, PDT, PV, PRB e MDB. Podemos e Pros não entraram na aliança e concorrem separadamente. Na chapa proporcional para a Assembleia Legislativa, estarão juntos PSB, PDT, PV, PRB, MDB e Podemos. Segundo Saraiva Felipe, os partidos aliados calculam que a linha de corte para federal deva ficar em torno de 70 mil votos e para estadual cerca de 45 mil votos.


“A chapa ficou muito boa. Dilma Rousseff resolveu um dilema nosso”, disse ontem um emedebista, em referência ao fato de a ex-presidente e candidato a Senado, ter pressionado para que não fosse fechada a coligação, exigindo, inclusive que o MDB – um dos articuladores do seu impeachment- não subisse no mesmo palanque que o candidato à reeleição, governador Fernando Pimentel (PT) e ela, durante a campanha ao Senado.

JUDICIALIZAÇÃO

Já preparado para a judicialização, Marcio Lacerda não abre mão de concorrer, apesar de a direção nacional ter fechado acordo com o PT, para a retirada das candidaturas aos governos de Minas e de Pernambuco, respectivamente de Lacerda e da vereadora Marília Arraes (PT). No primeiro caso havia expectativa de favorecer a reeleição de Fernando Pimentel (PT) e, no segundo, a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB).

O acordo também manteve o PSB sem coligação formal na disputa presidencial, evitando que a legenda migrasse para o candidato do PDT, Ciro Gomes, o que enfraqueceria a candidatura de Lula e de seu vice, Fernando Haddad que trabalham para manter a hegemonia no campo da esquerda.

A convenção nacional destituiu a comissão estadual provisória, contrária à decisão nacional, substituindo-a por outro grupo, comandado por René Vilela. Apesar disso, o grupo ligado a Lacerda, em convenção realizada no sábado sob liminar, aprovou a sua indicação ao governo de Minas, assim como as chapas proporcionais da legenda.

A convenção nacional, no dia seguinte, contudo, anulou a deliberação da convenção do partido em Minas em relação à chapa majoritária, mantendo as lista de candidatos à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Apoiadores de Lacerda defendem a tese de que a decisão da convenção estadual foi soberana e não poderia ser anulada pela nacional.
Já o PSB nacional divulgou ontem nota, assinalando que no Congresso Nacional foi unânime em deliberar pela nulidade da candidatura de Marcio Lacerda.

 

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