Com a hipótese cada vez mais remota de um acordo que coloque um ponto final no imbróglio envolvendo o PSB mineiro e a direção nacional da legenda, a ala ligada ao ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda encaminhará hoje ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) documentação com o pedido de registro de candidatura ao governo do estado. A partir daí, estará aberto o prazo para a disputa judicial que poderá se estender até as vésperas das eleições e que decidirá o destino do PSB: disputar o Palácio da Liberdade com Lacerda ou se aliar ao PT do governador Fernando Pimentel, conforme decisão aprovada na convenção nacional realizada no domingo.Leia Mais
Lacerda mantém agenda de candidato, mesmo sem definição da JustiçaAdalclever pode assumir chapa de Lacerda, se ele ficar fora da disputaPSB nacional diz que Lacerda quer tumultuar ao manter candidaturaDocumentos acirram impasse às vésperas de julgamento da candidatura de LacerdaTSE marca julgamento de ação que pode validar candidatura de Lacerda a governador
O presidente da comissão provisória nomeada pelo PSB nacional, Renê Vilela, avisou que o grupo vai impugnar o pedido de registro de Marcio Lacerda. “Estamos seguindo o curso normal para o lançamento das candidaturas (a deputados), e qualquer tentativa de registro dele (Lacerda) será impugnada, considerando a decisão da executiva nacional e do TSE, que não reconhece a legitimidade da convenção realizada no sábado”, argumentou, se referindo à convenção que aprovou o nome do ex-prefeito para o governo mineiro.
A expectativa é que a polêmica sobre a disputa para o governo de Minas esteja resolvida ainda este mês – mesmo porque, a propaganda eleitoral de rádio e televisão começa no próximo dia 31 e até lá é preciso que os candidatos estejam definidos para a divisão do tempo entre partidos e coligações. Mas tudo vai depender da agilidade da Justiça Eleitoral. Vale lembrar que o TRE e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm até 17 de setembro para definir os candidatos, mas acredita-se que casos mais urgentes, como o do PSB, terão prioridade na pauta de julgamentos.
Pelo calendário eleitoral, apresentado o pedido de registro de candidatura, o TRE publica o edital – geralmente em 24 horas –, abrindo prazo de cinco dias corridos para a impugnação das candidaturas, que pode ser feita pelo Ministério Público, candidatos ou partidos políticos. Um cidadão comum também pode apresentar notícia de inelegibilidade, que é encaminhada para análise do MP.
CONVENÇÃO QUESTIONADA
Enquanto correm ações judiciais no TRE e no TSE que questionam a legalidade da convenção realizada pela direção estadual e a anulação aprovada no encontro nacional, Marcio Lacerda mantém sua agenda de candidato com articulações políticas. O candidato a vice-governador Adalclever Lopes, foi indicado para coordenar a campanha. Em nota divulgada pela sua equipe, Lacerda citou reportagem publicada no Estado de Minas de ontem que mostrou o tempo de televisão previsto para a candidatura do socialista: 5min49 nos blocos e 4min24 nas inserções diárias.
“Nas duas eleições que disputei e venci para a Prefeitura de Belo Horizonte, minha atuação ficou marcada por falar a verdade com as pessoas. Por isso nosso governo foi capaz de realizar tanto e terminar tão bem avaliado. Durante a campanha pretendo firmar compromissos com cada cidadão mineiro no sentido de trabalhar com planejamento, transparência e participação”, afirmou Marcio Lacerda na nota.
GUERRA DE ATAS
O que diz a ata da comissão provisória aliada de Lacerda
“Iniciados os trabalhos foi ratificada a candidatura de Marcio Araujo de Lacerda ao governo de Minas Gerais, que concorrerá com o numero 40. Ao cargo de vice-governador foi aprovada a candidatura do deputado Adalclever Ribeiro Lopes, indicado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
O que diz a ata registrada pelo PSB nacional (contra a candidatura de Lacerda)
“... na sequência, o presidente passou a relatar a situação do PSB em Minas Gerais. Ele noticiou inicialmente o acordo celebrado entre as direções nacionais do PSB e do Partido dos Trabalhadores, segundo o qual o PT apoiará as candidaturas do PSB aos governos do Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco, enquanto que o PSB apoiará a candidatura do candidato do PT em Minas Gerais, impossibilitando a pretensão de candidatura de Marcio Lacerda. O presidente noticiou que comunicou o referido acordo pessoalmente a Marcio Lacerda em viagem a BH, tendo este acatado a deliberação nacional. Contudo, em seguida Marcio Lacerda passou a afirmar publicamente que iria ser candidato ao governo, o que exigiu a suspensão cautelar da comissão provisória estadual”
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