O grupo que faz oposição ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), rachou após o PSC - partido do deputado federal e candidato ao Senado Irmão Lázaro - descumprir o acordo que viabilizou a entrada da sigla na chapa majoritária encabeçada pelo candidato do DEM ao governo do Estado, José Ronaldo, e composta também pela candidata a vice-governadora Mônica Bahia e pelo postulante ao Senado Jutahy Magalhães Jr., ambos do PSDB.
Segundo a negociação, Lázaro seria oficializado como candidato ao Senado na aliança oposicionista desde que, nas eleições para deputado, o PSC aceitasse fazer parte de um "chapão" envolvendo todos os partidos da coligação oposicionista (além de PSC, DEM, PSDB, PRB, Solidariedade, PV, PHS, PSL, PPS e PTB).
No entanto, o PSC descumpriu o combinado e fechou com PTB, PPL e Solidariedade, na madrugada da terça-feira, 7, uma "chapinha" para disputar a eleição proporcional.
O movimento do PSC, ligado à igreja Assembleia de Deus, causou revolta principalmente no DEM, onde uma ala de candidatos tem defendido a exclusão de Lázaro da chapa.
Eles afirmam que o desmonte da estratégia do "chapão" pode prejudicar a eleição de parlamentares de partidos grandes, que contavam com os votos das siglas menores para a formação do quociente eleitoral necessário.
Na esteira, o PSDB também resolveu abandonar o "chapão", com o objetivo de garantir a eleição de seus deputados com mais facilidade. Apesar de ter dois nomes na chapa majoritária, os tucanos decidiram disputar sozinhos, sem coligação, as eleições proporcionais.
Presidente estadual do PSDB da Bahia, o deputado federal João Gualberto afirma, contudo, que "não há revolta" entre o tucanato. "O que aconteceu parte do jogo político. O que não faz parte do jogo político é descumprir acordos", disse à reportagem.
Nos bastidores, lideranças do DEM têm dito que, caso nada seja feito, a situação abre caminho para outros atos do tipo, colocando em xeque o comando das principais lideranças do grupo, como o prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto.
Apesar da revolta na base, a hipótese de rifar o PSC é descartada pelo DEM, que anunciou a manutenção da chapa conforme determinado na convenção do dia 3. O espólio eleitoral de Irmão Lázaro, cantor gospel e terceiro deputado mais votado da Bahia nas eleições 2014, é cobiçado pelo partido, que tenta tornar o candidato a governador José Ronaldo conhecido. "Ele não tem nada a ver (com a decisão do PSC)", afirmou Ronaldo, relativizando a ação dos aliados..