Em delação premiada, o ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso afirmou que o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU) girou R$ 1,2 milhão na corretora Advalor, alvo da Operação Lava-Jato nesta sexta-feira.
O delator relatou que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco lhe apresentou a Advalor "em razão do pagamento mensal de R$ 100 mil mensais ao ministro Nardes".
O depoimento de Luiz Carlos Velloso foi prestado em 30 de maio de 2017 e subsidiaram a investigação da Lava-Jato sobre a Advalor.
A Polícia Federal prendeu pela manhã o empresário João Paulo Julio Pinho Lopes, filho de Miguel Julio Lopes, ambos ligados à corretora.
A delação de Luiz Carlos Velloso foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli. O ex-subsecretário também cita em sua declarações o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ).
"Barusco apresentou a corretora em razão do pagamento mensal de 100 mil reais ao ministro Nardes; que o dinheiro já estava lá porque Barusco tinha conta lá; que tratou sempre com Miguel Julio Lopes", relatou. "Depois da investigação da Lava-Jato acredita que Miguel que foi morar definitivamente em Portugal, quando passou a tratar com seu filho João."
Luiz Carlos Velloso narrou que "pegava a cópia dos extratos da conta da Advalor e guardava no cofre para fins de controle". O delator contou que "acumulava muita coisa jogava fora os extratos antigos".
"Usou também a Advalor para receber o dinheiro de caixa 2 destinado a campanha de Julio Lopes pagos por Marcos Vidigal; que o dinheiro do colaborador nessa conta se restringia à remuneração paga por Nardes ou Julio Lopes ao colaborador", declarou.
No depoimento, o ex-subsecretário afirmou que "para operacionalizar a conta, tinha que comparecer na Advalor antes para avisar que seriam feitos depósitos".
"A Advalor também fazia transferências para terceiros em conta de pessoas indicadas pelo colaborador, conforme comprovantes; Que as transferências feitas em benefício de Flavio Camilotti foram feitos pela Advalor a mando do colaborador a pedido de Nardes; Que quando queria o dinheiro, comparecia diretamente na Advalor para sacar o dinheiro", afirmou.
De acordo com o delator, para Julio Lopes "os saques eram feitos de acordo com as necessidades da campanha".
Velloso declarou que a corretora "sempre levou o dinheiro para o escritório político". "Nunca redirecionou dinheiro inicialmente destinado a Julio Lopes para Nardes; que, eventualmente, numa necessidade de Nardes pode ter feito isso, mas nunca houve conexão entre eles", contou.
"A conta era única e tinha dinheiro dos três, do próprio colaborador, Nardes e Julio Lopes; que, atualmente, a conta deve ter aproximadamente 700 mil; Que acredita que 350 mil pertencem ao colaborador, sendo os outros 350 mil pertencentes a Julio Lopes."
O delator afirmou que estava "desatualizado" dos valores porque não lidava com a Advalor havia 2 anos. Velloso disse que "começou o relacionamento" na corretora em 2012.
"A conta do escritório político movimentou R$ 3,5 milhões para Julio Lopes; que para o ministro Nardes movimentou na Advalor aproximadamente 1,2 milhão; que movimentou na Advalor uns R$ 600 mil referentes a gastos pessoais", relatou.
A reportagem está tentando contato com o ministro Augusto Nardes e com o deputado Julio Lopes, deixando espaço aberto para manifestação para os envolvidos..