Jornal Estado de Minas

Documentos acirram impasse às vésperas de julgamento da candidatura de Lacerda



Às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidirá se Marcio Lacerda, do PSB, poderá ou não se candidatar ao governo de Minas, o ex-prefeito e a Executiva Nacional do partido (contrária à candidatura própria no estado) divulgaram documentos para defender suas posições. Lacerda divulgou ontem carta endereçada ao presidente do PSB, Carlos Siqueira, com assinatura de prefeitos e vice-prefeitos defendendo a manutenção da candidatura. Já a direção nacional divulgou uma petição que será entregue ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) pedindo que o tribunal (que analisa uma outra ação sobre a candidatura de Lacerda) não acate o pedido do ex-prefeito para continuar na disputa.


Na sessão de amanhã, os sete ministros do TSE vão analisar uma ação ajuizada por Lacerda e pelo então presidente da comissão estadual provisória do PSB João Marcos Lobo – atualmente, ele está destituído do cargo. O pedido contesta a competência do presidente nacional da legenda de dissolver a comissão provisória do partido em Minas. No início do mês, o ministro Napoleão Nunes Maia, do TSE, validou a intervenção da Executiva Nacional na comissão mineira, o que anula o lançamento de Lacerda ao Palácio da Liberdade. No entanto, no mesmo dia, liminar foi concedida pelo TRE-MG favorável à candidatura do ex-prefeito.

A suposta prevalência da decisão nacional sobre a estadual é um dos argumentos usados para tentar barrar a candidatura de Lacerda. Na petição divulgada ontem, o setor jurídico da Executiva Nacional do PSB subiu o tom contra o ex-prefeito e pediu ao juiz Nicolau Lupinhaes Neto, do TRE-MG, que a liminar autorizando Lacerda a disputar a eleição seja cancelada.

“Com a devida vênia, essa mais nova aventura judicial dos autores – Lacerda, o deputado Adalclever Lopes (MDB), candidato a vice-governador, e Jaime Martins (Pros), candidato ao Senado – demonstra não só a sua audácia, em patente litigância temerária, mas a sua completa ausência de limites, demonstrando que a sua sanha por holofotes não tem tamanho.  Lacerda, em especial, na sua saga pelo poder, pelo seu projeto político individual e único, não está a medir esforços em tumultuar o processo eleitoral do PSB em Minas”, diz a petição.

O ex-prefeito rebateu o documento do partido, criticando o acordo fechado pela direção nacional do PSB com o PT. “Quem construiu esse acordo para impor que eu me candidate a senador na chapa do atual governador Fernando Pimentel, a quem faço oposição? A quem interessa esse golpe contra os mineiros que desmerece toda a história do PSB, a qual me levou a filiar ao partido em 2007? A que interesses esse acordo serve? A quem ele beneficia? Uma certeza eu tenho: ao povo mineiro não é”, afirmou Lacerda ontem, em nota.

Mais cedo, ele divulgou uma carta assinada por lideranças do PSB m Minas e por prefeitos destinada a Carlos Siqueira.
“Nós, prefeitos, vice-prefeitos, dirigentes dos diretórios e comissões do PSB em Minas, vimos manifestar nossa firme posição contrária à atitude da direção nacional de destituir a direção em Minas e a tentativa de impedir a candidatura de Marcio Lacerda”, diz a carta. Os apoiadores de Lacerda citam que o candidato tem a “real possibilidade” de vencer as eleições e contribuir para eleger maiores bancadas para o PSB na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Também rejeitam a aliança com o PT e a participação na campanha de Pimentel.


Entenda o caso


  • Quatro dias antes do prazo final para as convenções partidárias, a direção estadual do PSB foi destituída e a direção nacional anunciou um acordo com o PT.

  • No acordo, Marcio Lacerda desistiria da campanha em Minas Gerais (onde Pimentel, do PT, tenta a reeleição) e a candidata do PT Marília Arraes desistiria da campanha em Pernambuco (onde Paulo Câmara, do PSB, tenta a reeleição).

  • Lacerda não aceitou a determinação da direção nacional do PSB e decidiu manter sua candidatura. A convenção do PSB no estado, ocorrida no dia 4 em meio a muita confusão e tensão, confirmou o lançamento do nome do ex-prefeito ao governo de Minas.

  • Sem chegar a um acordo, os dois lados passaram a brigar na Justiça. A direção nacional conseguiu posição favorável no TSE (ação que será discutida pelo plenário do tribunal amanhã, às 14h) e o grupo de Lacerda obteve liminar para manter a candidatura no TRE-MG (ainda sem data para ser julgada pelo tribunal).

 

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