Uma campanha mais curta, com apenas 45 dias a contar a partir da próxima quinta-feira, e um limite de gasto de R$ 14 milhões vão impor aos candidatos ao governo de Minas Gerais uma nova forma de buscar o voto do eleitor. Os principais nomes na disputa ao Palácio da Liberdade prometem menos campanha de rua e mais presença na internet, pelas redes sociais, ou televisão, com o horário eleitoral e os debates, já que a legislação eleitoral tornou o período para conquistar o eleitor mais curto e barato. Gastos com material gráfico foram reduzidos e será raro ver uma militância paga nas ruas.
Segundo Silveira, a campanha não contratará militantes para bandeiraços e não terá muita peça de publicidade nas ruas, já que a legislação eleitoral é bastante restrita. “Vai ser uma campanha de exposição das qualidades do candidato e terá que ser feita com muita criatividade. Vamos procurar mostrar a experiência de Anastasia como gestor, capaz de recuperar o estado”, disse o coordenador. Também não vai haver carro de som, já que as novas regras permitem essa propaganda sonora só na presença do candidato, em eventos como as carreatas.
“Ele (Anastasia) vai andar dentro do possível pela maior quantidade de municípios que puder. Não só os maiores, mas os menores em que tivermos algo a mostrar ou para fazer algum diagnóstico dos problemas. O senador nunca deixou de andar pelo estado enquanto parlamentar também”, explicou Silveira. Ele informa que, na pré-campanha, o tucano visitou ao menos 30 cidades.
Internet e corpo a corpo
Como já vem demonstrando na pré-campanha, o governador Fernando Pimentel (PT) vai focar as ações na internet, usando principalmente as redes sociais, com vídeos e conteúdos informativos. Isso porque o petista tem que, paralelamente, administrar o estado. Ontem, Pimentel visitou a festa de encerramento do Circuito Gastronômico de Favelas, no bairro Floresta, Região Leste de BH. Embora constasse como agenda de governo, ele estava acompanhado da equipe de vídeo da campanha.
“Vai ter que ser assim, fim de semana, eventualmente, dia de semana à noite ou no horário de almoço. Essa campanha de 45 dias é muito curta. Não vai ter nada grandioso, manifestação de rua, comícios. Até porque, com a mudança da Lei Eleitoral, mudou a forma de financiamento e os recursos vão ser mais escassos. Vai ser agenda curta, baseada nesse contato mais direto com as pessoas, como hoje (ontem)”, afirmou Pimentel. Ele pretende ainda estar em todas as macrorregiões do estado no pouco tempo que tiver para viagens.
Marketing clásssico ficou no passado
A televisão também será usada, mas não é a grande arma. Para o coordenador da campanha do petista, Odair Cunha, TV não define eleição. “As pessoas sabem que existem outras formas de ter informação sobre os candidatos, acho que TV não será um elemento definidor, senão o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), não teria sido eleito”, disse. De acordo com o coordenador, a época do marketing eleitoral clássico, com as novas regras eleitorais, “ficou no passado”. Cunha informou que a campanha não vai contratar militantes. “O que for feito em termos de presença nos atos e nas ruas será de maneira voluntária”, disse.
Outra estratégia é que lideranças como prefeitos, deputados e vereadores multipliquem a campanha pelo interior. Ponto fraco do governo e alvo de ataques por parte dos adversários, a crise financeira do estado e o parcelamento do salário serão abordados por Pimentel ao longo da campanha. “Uma parte dos pré-candidatos, seja por falta de informação ou má-fé, vai querer vender soluções mágicas, que não existem para nenhum estado brasileiro. Não vai ser com medidas publicitárias que vamos resolver o problema de Minas, vamos explicar isso. Não temo essa discussão”, disse Pimentel.
Caminho nas mãos da justiça
Ainda às voltas com o imbróglio envolvendo a legalidade da convenção que aprovou o nome do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) para o governo de Minas, duas estratégias de campanha estão em curso na legenda: uma voltada para a candidatura própria a governador e outra em apoio à reeleição de Pimentel.
A menos que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entenda o contrário em julgamento marcado para amanhã, a chapa de Lacerda terá a participação do MDB com a indicação do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, para vice-governador. Ainda fazem parte da coligação o PV, PRB e Podemos. A coordenação aposta no engajamento de todas as legendas, que somam cerca de 3 mil prefeitos e vereadores em Minas e mais de 50 deputados – para driblar a falta de recursos e o período de apenas 45 dias para a campanha.
“Uma das prioridades será o envolvimento dessas pessoas na campanha. O Marcio Lacerda tem baixa rejeição, então é fácil levar o nome dele pelo estado”, diz a assessoria do candidato. Na tentativa de se tornar mais conhecido, o ex-prefeito de BH começou uma série de viagens em junho do ano passado, e desde então percorreu mais de 200 municípios em todas as regiões do estado. Já o MDB quer atrair os cerca de 350 coordenadores regionais, além de deputados estaduais e federais.
Do outro lado do PSB, o entendimento é bem diferente. Amparados pela convenção nacional do partido que anulou a reunião estadual que aprovou a candidatura de Lacerda, a ala pró-aliança com o PT de Pimentel também monta suas estratégias para participação na coligação do petista.
‘Excepcional divulgação’
Há 20 anos fora da política para se dedicar à consultoria na área da educação, o ex-secretário do governo Eduardo Azeredo (PSDB) João Batista dos Mares Guia (Rede) conta com os debates na televisão, propaganda eleitoral e entrevistas à imprensa para se tornar conhecido pelo eleitorado. Ele conta ainda com o fato de já ter ministrado cursos de sua área em mais de 160 municípios para cerca de 345 mil professores das redes pública e particular de ensino. “Agora, todas essas pessoas que me respeitavam pela minha história na educação vão saber que eu sou candidato a governador. Essa é uma excepcional divulgação no meio, vão se lembrar de mim”, aposta o candidato.
A previsão de João Batista é gastar R$ 300 mil – valor que não inclui as gravações e material gráfico. Ele diz que não vai usar militância paga para distribuir os santinhos e boa parte dos eventos será feita por voluntários. As viagens também serão regradas, com diárias de hotéis que não ultrapassem a média de R$ 75.
Por enquanto, uma agenda prioritária está pronta: o candidato vai percorrer as principais cidades de cada região ao lado da presidenciável do seu partido, Marina Silva. Ela virá a Minas Gerais em três ocasiões. O candidato conta ainda com prefeitos que, segundo ele, farão campanha para a Rede, embora suas legendas estejam em outras coligações.