Em ano eleitoral marcado pela polarização nas redes sociais, candidatos recorrem à Justiça para tentar remover conteúdos da internet que consideram falsos ou enganosos. Tramitam, atualmente, ao menos 56 processos que pedem a retirada de conteúdos envolvendo políticos no País. Os alvos são páginas anônimas de Facebook, youtubers e imprensa.
O maior número de pedidos foi apresentado pelo ex-prefeito e candidato ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB), e pela ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (MDB), candidata ao governo, com oito ações cada. Entre os presidenciáveis, Ciro Gomes (PDT), por meio de seu partido, foi o que mais usou deste recurso. Ele é parte em seis ações que pediram remoção de vídeos e links - todas indeferidas até agora.
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Redes sociais serão principal canal de propaganda dos candidatos ao governo de MinasColuna do Baptista Chagas de AlmeidaDocumentos acirram impasse às vésperas de julgamento da candidatura de LacerdaOs casos foram compilados pelo Estadão Dados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela plataforma Ctrl-X, criada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne dados sobre políticos que acionam a Justiça para combater informações falsas. A plataforma também inclui informações de tribunais nos Estados. Foram considerados somente casos de 2018 que não têm sigilo.
Ciro pediu a remoção de diversos vídeos e postagens nas quais é chamado de "coronel", "autoritário", "socialista", entre outros termos. Na mais recente, de 6 de julho, sua defesa pede a remoção do vídeo "Ciro Gomes confessa a Caetano: vou implantar o socialismo". A publicação é um pequeno trecho recortado de entrevista do político feita pelo músico Caetano Veloso e publicada originalmente em 24 de junho no canal do YouTube da Mídia Ninja.
Caetano questiona Ciro sobre como ele pesa o fato de experiências socialistas terem fracassado pelo mundo, ao que ele responde: "eu quero correr esse risco". A frase como foi colocada, no entanto, é ambígua, pois, antes da pergunta, Ciro falava sobre o que significava ser de esquerda no País. O vídeo é acompanhado da legenda "Ciro Gomes confessa que pretende insistir em mais uma experiência socialista".
Para a defesa do político, "a notícia desborda dos limites da mera crítica e macula a imagem do pré-candidato." A ministra Rosa Weber, presidente do TSE, no entanto, indeferiu o pedido. "É natural que pessoas públicas estejam sujeitas a maior escrutínio por parte da opinião pública, o que não revela, por si só, violação dos direitos de personalidade", votou.
'Nenhum'
Em ação, Bolsonaro acusou a campanha de Alckmin de difundir link para o site "motivosparavotarembolsonaro.org", que tem como conteúdo uma tela preta e a frase "não existe nenhum". O link seria enviado automaticamente, por meio de mensagem privada da página de Alckmin, a todos que fizessem comentários com menções a Bolsonaro. Mesmo com liminar proferida em 27 de junho determinando a remoção do conteúdo, o site continua no ar.
"Sabemos que fake news é um fenômeno bastante complexo, porque não tratamos somente de informações falsas, mas também descontextualizadas. Mas a Justiça Eleitoral decidiu que só vai intervir em casos de fatos sabidamente inverídicos", disse o professor Alexandre Pacheco, da Escola de Direito da FGV-SP. As informações são do jornal O Estado de S.