O adiamento do julgamento referente à candidatura de Marcio Lacerda (PSB) ao governo de Minas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) põe ainda mais dúvidas sobre a possibilidade de o ex-prefeito de Belo Horizonte participar da eleição. A ação estava prevista para ser julgada na tarde dessa segunda-feira (13), em sessão extraordinária do tribunal, mas foi retirada da pauta a pedido do ministro Napoleão Nunes Maia, que pediu mais tempo para analisar o processo.
Ontem, ainda sem saber ao certo se estará na disputa ao Palácio da Liberdade, Lacerda começou a gravar peças do programa eleitoral para rádio e TV. O socialista deve registrar sua campanha no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) amanhã, quando acaba o prazo, apresentando as propostas de governo que, segundo sua assessoria, estão em fase de elaboração.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-prefeito reafirmou confiar que a Justiça manterá sua candidatura. “Confio tanto que estamos concluindo hoje (ontem) a primeira versão de nosso plano de governo, que vamos entregar junto com o registro da candidatura na próxima quarta-feira (amanhã). Essa proposta para Minas Gerais reflete o que aprendemos em milhares e milhares de contatos pelo estado. Quero aproveitar para agradecer às milhares de manifestações de apoio ao nosso projeto”, afirmou Lacerda.
De acordo com o calendário eleitoral, partidos e coligações têm até amanhã para apresentar o pedido de registro de candidatura nas eleições de outubro. Na quinta-feira, começa o período da campanha eleitoral.
O ex-prefeito já rejeitou a possibilidade de ser candidato ao Senado na chapa o governador Fernando Pimentel (PT), mas, segundo o TRE-MG, mesmo após o fim do prazo de registros, Lacerda, se quiser, ainda pode mudar de ideia. A Lei Eleitoral não impede que ele dispute uma das vagas de senador na chapa petista, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff.
O embate entre Marcio Lacerda e a Executiva Nacional do PSB pode se arrastar após o prazo final de registro das candidaturas. Como o PSB aprovou duas atas em convenções – uma com a candidatura de Lacerda e outra com aliança com o PT –, as decisões judiciais podem anular uma delas e validar a outra. A Justiça Eleitoral tem até 17 de setembro – a 20 dias do primeiro turno da eleição – para julgar todos os pedidos de registro de candidatos que querem concorrer ao pleito.
BASTIDORES
Enquanto permanece a indefinição sobre a candidatura do PSB ao governo de Minas, as outras legendas se movimentam para – caso não se concretize a participação de Lacerda nas urnas – atrair partidos que fazem parte da coligação do ex-prefeito. Nos últimos dias, articuladores políticos de Pimentel intensificaram as conversas com representantes do Pros, partido de Jaime Martins, candidato ao Senado na chapa de Lacerda, do Podemos e do PV. A assessoria do governador não quis comentar sobre as conversas.
No PSDB, que já registrou no TRE-MG chapa completa, com Antonio Anastasia (PSDB) a governador, Marcos Montes (PSD) a vice, e Dinis Pinheiro (SD) e Rodrigo Pacheco (DEM) ao Senado, as movimentações do PSB são acompanhadas com atenção.
“Tenho um bom diálogo com o Jaime (Martins), somos da mesma cidade. Mas não podemos nos precipitar e discutir apoio antes de o cenário eleitoral ficar mais claro. Neste momento, as candidaturas estão postas, inclusive a do Marcio Lacerda. Se houver mudança de cenário via decisões judiciais, é natural que a gente converse para buscar ampliar alianças. Ainda mais porque somos oposição ao governo do estado e Lacerda já deixou claro sua posição contrária ao governo de Pimentel”, disse Domingos Sávio, presidente estadual do PSDB.
A ação de Lacerda no TSE contesta a competência do presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, de dissolver a comissão provisória do partido em Minas. No último dia 4, o ministro Napoleão Nunes Maia, da Corte Eleitoral, validou a intervenção da Executiva Nacional na comissão mineira, mas, no mesmo dia, Lacerda conseguiu liminar favorável no TRE-MG para manter sua candidatura.