A campanha para o governo de Minas Gerais começa hoje, ainda às voltas com a divisão do PSB e à espera de uma decisão dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a candidatura de Marcio Lacerda a governador do estado. Caberá à corte dar uma solução para o impasse que embolou a disputa pelo Palácio da Liberdade. A assessoria do tribunal informou que o assunto não está na pauta da sessão marcada para a tarde de hoje, mas não descartou a possibilidade de uma mudança.
Ontem, no último dia para a entrada de pedido de registros de candidatos, enquanto a direção municipal da legenda protocolava a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, integrantes da direção estadual questionavam o ato e reforçavam a aliança em torno da reeleição de Fernando Pimentel (PT).
O documento apresentado pela ala pró-Lacerda inclui o nome do deputado estadual Adalclever Lopes (MDB) para vice-governador e o do deputado federal Jaime Martins (Pros) para senador. A chapa tem a participação ainda do PDT, PV, PRB e Podemos. O presidente municipal do PSB, Gelson Leite, evitou comentar o julgamento no TSE de um mandado de segurança que pode inviabilizar a candidatura de Lacerda.
Os ministros vão definir se foi válida a intervenção do PSB nacional, que destituiu a direção da legenda e aprovou a aliança com o PT. Em caso positivo, a candidatura de Lacerda estaria descartada, já que a convenção nacional do PSB anulou a convenção realizada pela direção destituída e aprovou a aliança com o PT.
“A coligação está confiante, o Marcio está confiante e está se preparando para o debate amanhã (hoje à noite, na TV Bandeirantes) e nós viemos aqui hoje registrar o nosso programa de governo e as nossas candidaturas. Estamos firmes para dar prosseguimento a todo o nosso processo eleitoral”, afirmou Gelson Leite. Em nota, Lacerda disse acreditar na vitória na Justiça Eleitoral. “Após cumprir todos os procedimentos legais para tal ato, neste momento confio na Justiça e em sua celeridade para que possamos confirmar definitivamente a aprovação do registro”, afirmou. A coligação enviou ontem pedido ao TSE para que inclua o julgamento na pauta de hoje.
O secretário-geral do PSB estadual, Igor Versiani, comunicou ontem mesmo ao TRE mineiro que o documento entregue pelo grupo adversário é ilegítimo. Anunciou ainda que a legenda vai impugnar a candidatura de Lacerda no TRE. “O partido tem comando e o Marcio Lacerda está em um projeto de poder individual. Ele está tentando se vitimar e confundir a opinião pública”, reclamou Versiani. De acordo com ele, o PSB protocolou o pedido de registro da chapa proporcional, que reúne PT, PCdoB, DC e PR. Ainda segundo Versiani, o partido continua defendendo a indicação de Lacerda para a segunda candidatura da coligação para o Senado, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Substituto
O PT foi o último partido a registrar a candidatura ao governo, pouco antes do prazo final – que se encerrou às 19h de ontem. E ainda conta com a participação de Marcio Lacerda na chapa encabeçada por Fernando Pimentel e pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB) para vice. Para o Senado, foram registrados os nomes de Dilma Rousseff e Jorge Luna, atual tesoureiro do PT – nome que será substituído caso o ex-prefeito de BH desista ou tenha a candidatura a governador inviabilizada pela Justiça Eleitoral. Segundo a presidente estadual do PT, Cida de Jesus, Luna foi indicado para que as negociações fossem mantidas.
De acordo com o presidente estadual do PSB, Renê Vilela, a segunda candidatura a senador “está resguardada para Márcio Lacerda”. Vilela ainda assegurou que Lacerda teria dito ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, durante conversa por telefone, que estaria “disposto a concorrer ao Senado” desde que o MDB esteja na chapa – hipótese descartada pelo PSB. Questionado sobre o registro realizado mais cedo pela ala pró-Lacerda, o presidente do PSB estadual o classificou como “um jogo” do ex-prefeito.
Nove candidatos ao governo registraram a candidatura no TRE mineiro: além de Lacerda e Pimentel, concorrerão ao cargo Antonio Anastasia (PSDB), Alexandre Flach (PCO), Claudiney Dulim (Avante), Dirlene (Psol), João Batista dos Mares Guia (Rede), Jordano Metalúrgico (PSTU) e Romeu Zema (Novo) – primeiro a registrar o nome para a disputa e o mais risco deles, com patrimônio declarado de R$ 69.752.863,96, dos quais mais de R$ 60 milhões são em “cotas ou quinhões de capital”.
O TRE-MG informou que foram apresentados 2.217 pedidos de registro de candidaturas em Minas para os cargos de governador, senador e deputados federal e estadual. É o maior número da história das eleições gerais no estado.
*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz