Os candidatos ao governo de Minas Gerais realizaram, na noite desta quinta-feira, na Band, o primeiro debate televisivo na campanha eleitoral. Os dois principais adversários no pleito, o governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB) iniciaram o programa com troca de farpas, apontando erros e defendendo as gestões de ambos os partidos no estado nos últimos anos.
Enquanto Anastasia e Pimentel se enfrentavam em questionamentos sobre as finanças do estado, os demais candidatos aproveitaram o debate e se apresentaram como terceira via na disputa pelo governo.
João Batista Mares Guia confrontou as administrações de PSDB e PT em Minas. Dirlene Marques criticou o atual governo e se colocou como representante das mulheres. Marcio Lacerda evitou confrontos diretos com Anastasia e Pimentel e tentou reforçar sua candidatura como terceira força nas eleições. Claudiney Dulim quis se aproximar dos telespectadores e chegou a se emocionar nas considerações finais.
Já no primeiro bloco, com perguntas e respostas entre os candidatos, houve polarização na disputa entre PT e PSDB. Anastasia deu início ao debate com questionamento direto ao petista sobre a situação do atual governo e citou aumento de impostos, afirmando ser o contrário do proposto por Pimentel durante campanha.
Fernando Pimentel negou que tenha aumentado os tributos na proporção apontada e se defendeu afirmando que o PT herdou o governo com um ‘rombo’ causado pela gestão do PSDB à frente do estado. “Situação de Minas é grave. Nós precisamos consertar o estrago feito em 12 anos de governo tucano”, disse.
Na tréplica, Anastasia lembrou que o governo pagava os servidores em dia na gestão tucana em Minas e fez pedido aos eleitores: “Perguntem a qualquer servidor público como era na minha época e como era agora.”
Na sequência de questionamentos, os candidatos Marcio Lacerda (PSB), Claudiney Dulim (Avante), Dirlene Marques (Psol) e João Batista Mares Guia (Rede) apontaram que PT e PSDB dividirão holofotes e trocarão acusações na tentativa de se manter à frente na disputa e que o eleitor deve analisar melhor o futuro do estado.
“São duas pessoas de bem, mas infelizmente não entregaram bons resultados em suas administrações”, afirmou Lacerda.
Anastasia aproveitou a última pergunta do bloco, feita por Dirlene Marques, para voltar a culpar o atual governo pelo atraso em pagamentos aos servidores. “Não há credibilidade e transparência nos números do governo. Há um descrédito generalizado”, disse o senador, afirmando que irá retomar a confiança de Minas e gerar mais empregos.
Segundo bloco
No segundo bloco do debate, os candidatos responderam perguntas enviadas à Band por eleitores que acompanham os veículos do grupo de comunicação.
Fernando Pimentel aproveitou questionamento sobre como os eleitores poderiam acreditar em promessas de campanha para atacar Antonio Anastasia e a gestão do PSDB à frente de Minas Gerais.
De acordo com o petista, quatro anos não são suficientes para ‘consertar o estrago’ no estado, contestando dados apontados pelo tucano. Pimentel afirmou que a crise é estrutural e que tentará formar força juntamente com o próximo governo federal, já que, para ele, o atual é ‘ilegítimo’.
Marcio Lacerda aproveitou sua fala para expor os problemas entre a polarização e que a disputa entre os governos Estadual e Federal se reflete nas tratativas e no atraso de obras como a BR-381 e o metrô de Belo Horizonte.
Terceiro bloco
Na terceira parte do programa, os candidatos responderam perguntas de jornalistas do Grupo Band. Entre as indagações, estavam propostas para diminuir a diferença entre os índices de desenvolvimento em Minas, melhorar infraestrutura no sistema de saúde estadual e como administrar o déficit causado pela previdência até se propor e realizar uma reforma.
Mais uma vez, o governador Fernando Pimentel procurou confrontar o governo federal, atrelando o PSDB ao processo de impeachment e criticando as gestões tucanas em Minas. “Pegamos um estado quebrado, ainda com crise econômica. Isso não tem a ver com competência ou incompetência, mas com a herança maldita que nos foi deixada.”
Antonio Anastasia teve a palavra em réplica e reafirmou compromisso com o que diz aos telespectadores, criticando a postura de Pimentel e a administração petista em Minas desde 2015.
João Batista Mares Guia e Marcio Lacerda relembraram a situação precária em que se encontra o estado com a crise econômica nacional e pediram confiança aos eleitores para trabalharem de forma participativa em todas as regiões de Minas em busca de crescimento.
Quarto Bloco
No quarto bloco foi repetida a dinâmica da parte inicial, com os candidatos formulando perguntas, respondendo e debatendo uns com os outros. Assim como anteriormente, a ordem dos questionamentos foram definidos previamente em sorteio realizado com os representantes de cada campanha.
Pimentel foi questionado pela candidata Dirlene Marques sobre os atrasos no pagamento aos servidores públicos. O petista enumerou pontos em que sua administração teria avançado na educação, sempre atacando o PSDB e o governo federal. Ele criticou também o senador Aécio Neves que "apoiou o golpe e, agora, se esconde", sem saber ao que concorre.
Aécio Neves termina seu mandato como senador e concorrerá ao cargo de deputado federal nas próximas eleições.
Dirlene Marques usou sua tréplica para apontar a precariedade no ensino superior no estado e que comandará avanços mais eficazes se eleita. “A infraestrutura de ensino está sucateada. Vamos fazer investimentos reais em reparos na educação”, afirmou.
Entre as perguntas e respostas, João Batista Mares Guia e Marcio Lacerda tomaram lideranças nos discursos.
No último questionamento do bloco, Dirlene Marques voltou a questionar o governo de Fernando Pimentel. A candidata do Psol criticou a administração petista em ações participativas, como o Conselho Estadual da Mulher. De acordo com ela, o projeto chegou a ser suspenso.
"Isso para mim é uma grande decepção (falta de programas participativos). Isso não tem acontecido aqui e nem nacionalmente. Temos que repensar e ver a origem desses problemas, construir uma alternativa. Está na hora de apresentar um proposta para se acreditar nesses mudanças. Nem PT, nem PSDB e nem Lacerda. Vamos tentar um novo projeto", disse.
Quinto bloco - considerações finais
O primeiro a fazer suas considerações finais, Claudiney Dulim pediu que os eleitores esqueçam o que chamou de ‘política atrasada’ e a polarização apresentada. O candidato do Avante disse que vai ouvir os anseios de todos os mineiros e se emocionou ao relembrar sua história de vida.
Pela diversidade, Dirlene Marques se disse triste por não ter todos os candidatos ao pleito no debate, mas reafirmou felicidade por apresentar suas propostas. A candidata do Psol ressaltou que foi a única mulher no programa desta quinta-feira e a representatividade das mulheres. “Nós acreditamos que é possível mudar. Vamos construir isso juntos.”
O senador Antonio Anastasia afirmou ser solidário “às pessoas que estão sofrendo com esse governo reclamão de hoje”. O candidato do PSDB voltou a pedir que os eleitores perguntem aos servidores como era a situação do estado à época em que governava e que comparem com a atual administração. “Vamos trabalhar firme para colocar Minas de novo nos trilhos. Vamos reconstruir Minas.”
João Batista Mares Guia foi outro a destacar sua experiência em cargos públicos e ressaltar a profissão. Professor há 30 anos, o candidato da Rede lamentou a crise vivida por Minas e afirmou que combaterá privilégios no estado. “Não sou líder de gabinete, nem de palácio. Vou governar Minas em todas as regiões, para todos.”
Fernando Pimentel afirmou que assume a responsabilidade por seu governo e pediu sequência no cargo e a manutenção de uma administração participativa.
Por fim, Marcio Lacerda pediu serenidade e reflexão aos eleitores no momento de eleger um novo governo. O candidato do PSB afirmou que “a situação é muito difícil e não é hora de pedir voto.” O ex-prefeito de Belo Horizonte disse querer colocar a experiência pública para resolver os problemas na administração do estado. “É possível salvar minas, restaurar nossa dignidade, nosso respeito e a admiração que sempre tivemos nacionalmente.”.