Jornal Estado de Minas

Desemprego e ataques a Temer marcam o segundo debate dos presidenciáveis

- Foto: NELSON ALMEIDA / AFP O alto número de desempregados no Brasil foi o tema principal do segundo debate entre os presidenciáveis. As soluções para o problema dos 13 milhões que estão sem trabalhar e dos mais de 60 milhões que estão endividados no país foram assuntos em todos os blocos do encontro na noite de ontem, na RedeTV. A exemplo do primeiro, o tom do debate foi ameno. O clima esquentou apenas entre Jair Bolsonaro e Marina Silva, quando o deputado questionou a ex-ministra sobre a liberação das armas. “Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência”, afirmou Marina. Bolsonaro rebateu: “Temos aqui uma evangélica que defende o aborto e a liberação das drogas”.
 
Participaram do encontro oito candidatos ao Palácio do Planalto: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (Psol), Geraldo Alckimin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). De acordo com a legislação, emissoras de rádio e TV são obrigadas a convidar para os debates os candidatos dos partidos que tiverem no mínimo 5 parlamentares no Congresso Nacional, entre deputados e senadores.
 
Com a economia sendo o principal foco das discussões, sobraram críticas ao governo de Michel Temer (MDB). Muitas delas foram direcionadas ao ex-ministro da Fazenda de Temer, o candidato Henrique Meirelles (MDB).
“Esses 14 milhões de desempregados são frutos de governos dos quais o senhor serviu”, disse Bolsonaro. O emedebista foi alvo de ataques também de Ciro Gomes, Cabo Daciolo, Marina Silva e Guilherme Boulos. “O governo Temer é o mais rejeitado da história do país e ninguém aqui quer se aproximar dele. Mas muitos aqui ajudaram a aprovar muitas das reformas do Temer”, Boulos.
 
- Foto: NELSON ALMEIDA / AFP Meirelles rebateu as críticas citando conquistas do governo Lula, quando era presidente do Banco Central. O ex-ministro da Fazenda ressaltou a importância da experiência na administração pública para resolver os problemas econômicos do Brasil. “Não se cria empregos no grito, mas com propostas sérias”, disse o emedebista. Boulos questionou Meirelles sobre lideranças do MDB (Michel Temer, Eduardo Cunha, Romero Jucá) e qual participação eles terão caso o ex-ministro seja eleito.
Meirelles afirmou que não concorda com o loteamento dos cargos públicos e disse que jamais foi “sequer investigado”.
 
Cabo Daciolo, que foi o que mais chamou a atenção no primeiro debate, sendo um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, voltou a criticar os adversários, dizendo que todos “seriam mais do mesmo”. O deputado repetiu as falas religiosas e alfinetou os outros candidatos dizendo que “são todos amiguinhos e não inimigos”.
 
TENSÃO O momento de maior tensão do debate ocorreu no fim do terceiro bloco, quando Marina Silva questionou Bolsonaro sobre o fato de ele dizer que não é preciso se preocupar com mulheres receberem salários menores do que homens. “Tem que se preocupar sim. Quando se é presidente da República tem que se fazer cumprir a Constituição, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada”, disse a ex-ministra do Meio Ambiente. Bolsonaro atacou Marina, questionando a posição dele em relação ao aborto e a liberação das drogas.
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também foi alvo de ataques de Bolsonaro e Álvaro Dias. Sem citar diretamente o ex-presidente, o candidato do Podemos defendeu que o petista seja impedido de participar da eleição e dos debates. “Essa encenação de candidatura é uma afronta ao país. Não há como admitir essa vergonha nacional de uma candidatura que não pode existir.
A democracia exige respeito às leis”, afirmou Dias. Bolsonaro afirmou que debate não é lugar de “bandido condenado por corrupção”.
 
Os advogados do ex-presidente tentaram garantir na Justiça a participação do petista no segundo debate presidencial. Eles entraram com mandado de segurança no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no início da noite de ontem, contestando decisão do ministro Sérgio Banhos, que horas antes, negou recurso de Lula para participar do debate. Na decisão, o magistrado afirmou que não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre a liberdade do petista. A defesa do ex-presidente pediu que, caso não fosse possível a participação presencial, uma vez que Lula está preso em Curitiba, fosse autorizado o uso de sistema de videoconferência.
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