Brasília – Em uma campanha curta, de apenas 45 dias, presidenciáveis precisam se dividir entre eventos com a sociedade civil, sabatinas, debates e comícios até o primeiro turno das eleições, marcado para 7 de outubro. Para otimizar o tempo, vices da chapa tornam-se também figuras importantes para intensificar a caminhada dos postulantes às urnas. Sobretudo Manuela D’Ávila (PCdoB) que, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso, não pode participar das viagens pelo país. Ela e Fernando Haddad, o provável substituto de Lula, se dividem para não deixar o PT esquecido durante o período.
Leia Mais
Desemprego e ataques a Temer marcam o segundo debate dos presidenciáveis Presidenciáveis conseguem R$ 1,3 milhão em 'vaquinha' virtual Patrimônio de presidenciáveis chega a R$ 833 milhões; veja as declaraçõesMesmo com o tempo apertado, os presidenciáveis se recolheram no domingo. A maioria dos candidatos não preencheu a agenda com compromissos oficiais – até as redes sociais foram pouco atualizadas. A campanha volta a se intensificar hoje, no encontro da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que reunirá os principais postulantes ao Planalto em São Paulo para apresentarem os programas de governo. Estarão presentes Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
A candidata da Rede, Marina Silva, dividirá a agenda hoje entre a capital paulista e Fortaleza. Amanhã, a ex-ministra estará no Recife, onde visitará o Porto Social. A instituição é inspirada no Porto Digital da cidade e busca impulsionar projetos sociais, ONGs e negócios de impacto social do país por meio do auxílio na gestão. No fim de semana, Marina esteve em Macapá, onde participou do comício do senador Randolfe Rodrigues e aproveitou para alfinetar o adversário Jair Bolsonaro sobre a política de armamento da população.
Périplo Geraldo Alckmin esteve em Santarém (PA) para um encontro com o setor produtivo de psicultura e agropecuária. Ao fim do evento, se reuniu com o candidato ao governo do Pará, Márcio Miranda (DEM). O deputado estadual é um dos aliados de Alckmin na corrida à Presidência, com outros partidos do Centrão – PP, PR, PRB, PTB e Solidariedade.
Sem alianças, o pedetista Ciro Gomes vai se dividir com a correligionária Kátia Abreu para viajar pelo país. A ideia é aproveitar comícios e palanques de candidatos do partido.
Vice de Lula, Manuela D´Avila passou o domingo em Porto Alegre onde participou de uma caminhada no Parque Farroupilha ao lado de aliados. Ela marchou com os candidatos Bruna Rodrigues (PCdoB), que concorre a deputada estadual, e Giovani Culau (PSol), candidato a deputado federal pelo estado gaúcho.
Já Henrique Meirelles esteve, no sábado, na Festa do Peão, em Barretos, onde falou sobre a importância de investir em recursos para melhorar a infraestrutura do agronegócio no país. O ex-ministro da Fazenda ressaltou as prioridades de mudança no setor: “Melhores rodovias e novas opções de transporte para facilitar o deslocamento dos produtos para outras regiões”.
Candidato pelo PSol, Guilherme Boulos aproveitou o domingo para fazer um ensaio fotográfico ao lado de apoiadores da campanha. Ao lado de Sonia Guajajara, a vice da chapa, ele posou junto à cartonista Laerte Coutinho. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Jair Bolsonaro, que preferiu não compartilhar a agenda do candidato.
análise da notícia
A largada dos candidatos
Luiz Carlos Azedo
Duas pesquisas eleitorais estão programadas para ir a campo nesta semana, Ibope e Datafolha; ambas costumam influenciar análises e estratégias de campanha. No caso, captarão os efeitos dos dois debates realizados entre os candidatos a presidente da República e suas repercussões. Ninguém sabe exatamente qual será o peso das redes sociais nesse processo. A maioria dos marqueteiros e estrategistas de campanha avalia que o tempo de televisão e os recursos financeiros, que vão bancar as alianças regionais, ainda serão determinantes na disputa.
Nas redes sociais, o que está pesando na balança é a repercussão dos debates entre os candidatos na televisão, principalmente o último, da Rede TV.
Nos debates, o Cabo Daciolo (Patriota) virou um problema para Bolsonaro, que mede cada vez mais as palavras em busca do apoio da classe média e entre as mulheres, enquanto o bombeiro militar ora a Deus e desce o sarrafo em todo mundo. As pesquisas dirão se vai tirar votos de Bolsonaro. De igual maneira, saberemos se Alvaro Dias (Podemos) e Meirelles (MDB) continuam mordendo os calcanhares de Alckmin.
Essa fase da campanha eleitoral pode ser comparada ao foguete espacial que volta para a atmosfera: precisa pegar o ângulo correto, para não resvalar e ficar pedido no espaço. Nessas duas semanas que antecedem a campanha na tevê, os candidatos escolhem seus adversários, afinam o discurso e traçam suas estratégias de marketing. Quem erra de adversário principal, por exemplo, costuma pagar caro na reta final da campanha. Também muito difícil uma mudança de discurso no meio do caminho. Costuma ser uma decisão de vida ou morte.
Entretanto, a grande incógnita dessa largada eleitoral é a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que registrou sua candidatura, mesmo sabendo que está inelegível. O imbróglio tem rendido muito espaço na mídia, embora o preço a pagar tenha sido a ausência nos debates.