O candidato a vice-presidente da República na chapa do senador Alvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello de Castro (PSC), defendeu nesta terça-feira, 21, maior planejamento antes da realização de privatizações, incluindo a da Eletrobras. "Há uma pressa em se obter o estágio final de desestatização através do aluguel para o setor privado gerir e esquecemos que o aspecto principal que o processo de privatização precisa responder no dia seguinte é: para onde vai o capital objeto dessa privatização?", disse, durante evento com presidenciáveis e seus representantes, promovido pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
Embora tenha dito estar constrangido por criticar o processo atual de privatização que tem sido visto no País - tendo em vista sua recente saída da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -, Rabello defendeu a necessidade de análises mais aprofundadas dos ativos e uma definição sobre as potenciais desestatizações diante das necessidade de recursos no longo prazo.
Para ele, a venda de parte ou da totalidade das estatais deveria levar em conta que esses ativos podem servir de lastro para os compromissos crescentes do governo com a Previdência Social. "Apressado come cru e capital morto para ser vivificado na mão de dois ou três camaradas... não vamos fazer", disse, referindo-se à privatização da telefonia, cujos recursos foram usados para fazer frente à escalada da dívida pública.
Rabello citou ainda que um dos grupos investidores foi financiado pelo BNDES e vendeu sua posição na empresa, que posteriormente pediu recuperação judicial. "Privatização calhorda, estúpida, para perder dinheiro, para enganar o povo brasileiro, não vamos fazer isso, tem que ser privatização cujo alvo seja deixar o povo brasileiro mais rico", disse
O candidato a vice destacou especialmente que no caso da Eletrobras, antes de avançar na privatização, desafios importantes devem ser vencidos, como a cisão de Itaipu e a "questão de Angra". No primeiro caso, ele disse que já há uma solução indicada, mas que ainda precisa ser trilhada, enquanto para a usina nuclear, Rabello disse ser um assunto mais "espinhoso", que "exigirá esforço de poupança do Estado".
Ibope
Sobre a mais recente pesquisa de intenção de voto, divulgada na segunda-feira, Rabello afirmou que as pesquisas hoje não capturam as intenções dos que se dizem indecisos ou que "momentaneamente pensam em votar em branco ou anular".
O candidato a vice reclamou então da postura da mídia, que estaria boicotando os candidatos da metade de baixo das pesquisas. "Precisamos vencer o bloqueio da mídia convencional, que faz um corte de cinco candidatos ou coisa parecida, criando situações antidemocráticas", disse..