As dificuldades em caixa vividas pelo governo de Minas levaram o secretário de Esporte Ricardo Sapi a entregar o cargo ao governador Fernando Pimentel (PT). O comunicado oficial será feito por ele nesta quinta-feira e entre os motivos está a inadimplência da pasta com fornecedores e a “falta de vontade política” com os assuntos do Esporte.
Ainda pesam na decisão, segundo Sapi, as indicações políticas feitas para cargos na secretaria que estariam sendo alvo, inclusive, de investigações por parte do Ministério Público.
“Só com criatividade não é possível mais. Nós chegamos a um momento em que a falta de recursos e vontade política deixa a secretaria muito frágil, sem pagar até fornecedores e desde o início o ano sem pagar a bolsa atleta”, afirmou o secretário em seu último dia a frente do Esporte.
Ricardo Sapi, que é filiado ao PRB, afirmou que desde que assumiu lugar na secretaria, em janeiro de 2015, conseguiu realizar muitas coisas. Entre elas, ele destaca a retomada dos Jogos do Interior de Minas (Jimi) e tornar os jogos escolares no estado a maior competição do país.
“Conseguimos fazer com que novas modalidades tivessem acesso a políticas públicas”, conta. Apesar disso, nos últimos meses a situação se deteriorou. Ele alega que parte dos recursos que seriam destinados a incentivar o esporte estão indo parar em outras áreas, o que ele não concorda.
“Sabemos das dificuldades que o governo de está passando, mas pegar o dinheiro do esporte e transformar em asfalto? O que é direito do esporte a gente não pode abrir mão”, ponderou.
Ele alega que vem sofrendo com as pressões diárias na pasta, principalmente, por parte dos fornecedores de materiais que encaminham cotidianamente cobranças.
Segundo Sapi, desde que a Medida Provisória 841 que altera a destinação de recursos para o esporte foi editada a situação ficou ainda mais complicada. “O dinheiro passou a privilegiar as federações e deixou as secretarias com menos recursos. Aí a situação piorou”, destacou.
Outro ponto que Ricardo Sapi revelou para deixar a Secretaria de Esporte seriam as indicações de caráter político feitas para vagas na pasta.
De acordo com ele, que afirmou ter perfil técnico – é faixa preta de taekwondo e representou o país em várias competições -, desde que assumiu como interino, em março deste ano, todos os funcionários de cargos técnicos foram mantidos por ele nos postos.
Mas indicações feitas pela Secretaria de Governo teriam sido destinadas a secretaria e estão sendo alvo de investigações por parte do Ministério Público. “São servidores que, na verdade, não atuam na pasta. O MP investiga pela suspeita de serem funcionários fantasma”, disse.
Contudo, Sapi afirma não fazer mal juízo do governador Fernando Pimentel, apesar de dizer que não pretende conversar com ele pessoalmente sobre a saída da secretaria, se manifestando apenas por carta.
“Em referência ao governador, eu acredito que seja um bom homeme que não seja do conhecimento dele essa situação, mas é do conhecimento dos que o assessoram”, afirmou.
Outro Lado
Em nota, a Secretaria de Governo afirmou que ainda não tinha sido informada do pedido de exoneração do secretário.
Sobre as afirmações, a secretaria informou que as nomeações, exonerações e controle de ponto dos servidores cabe exclusivamente a pasta e seu gestor.
Sobre a informação da existência de “funcionários fantasmas” a pasta alegou que foi informada pelo secretário de Esporte em exercício em 03 de julho sobre a existência de representação protocolada a esse respeito no Ministério Público e que elas se referiam ao não cumprimento de carga horária de assessores ligados a Sapi.
“Em ato contínuo, em 05/07/18, a Secretaria de Governo oficiou (Anexo 2) a SEESP e também a Controladoria Geral do Estado, respondendo que: "O registro de ponto dos servidores não compete a esta Secretaria, cabendo ao gestor do órgão os cuidados'”, alegou a Secretaria de governo.
Por fim, a Segov alegou que a Controladoria Geral do Estado instaurou procedimento diciplinar para apurar as denúncias.