O governador Fernando Pimentel (PT) afirmou nesta segunda-feira que é vítima de “perseguição” e de delações “mentirosas” e que o conteúdo delas atrapalha sua campanha à reeleição. O petista disse que ele e especialmente o ex-presidente Lula, além do PT, sofrem com os processos que não têm provas e o dano à reputação acaba surgindo.
“Têm três anos e meio que vasculham minha vida, a da minha família, fazem calúnias, difamações. Arrumaram uma delação mentirosa contra mim. E sabe o que encontraram? Nada! (…) Mas que atrapalhou, atrapalhou”, afirmou negando a existência de casos de corrupção em sua gestão.
Na entrevista, concedida à TV Record Minas, ele admitiu que as acusações acabam atrapalhando seu desempenho na campanha para se reeleger. Pimentel é acusado de irregularidades que são apuradas em investigação decorrente da Operação Acrônimo.
O governador Fernando Pimentel creditou a volta do crescimento à Minas quando os problemas relacionados à previdência pública forem solucionados. Segundo ele o problema é estrutural e não foram atacados anteriormente pelos governos que o antecederam. Referência direta a gestão tucana em Minas.
“Nosso desequilíbrio vem da Previdência pública. Nós vamos precisar criar um fundo que capitalize e seja uma nova forma de financiamento da previdência pública, porque só com os recursos do tesouro é impossível sustentar esse rombo”.
Ainda de acordo com Pimentel, a extinção do Funpen, fundo de previdência dos servidores estaduais, feita em 2013 pelo então governador Antônio Anastasia (PSDB). Segundo ele, na época os R$ 3,2 bilhões foram retirados e poderiam ter sido usados para capitalizar e resolver o problema.
Ainda sobre as possibilidades de crescimento e normalização do pagamento dos servidores, Pimentel afirmou que é necessário que haja alinhamento entre o governo em Minas e a Presidência para ajudar a equilibrar as finanças do estado.
Ele defendeu a saída do presidente Michel Temer (MDB) a quem chamou de “pesadelo” e disse que um governo “democrático popular” beneficiará Minas e outros estados que também apresentam dificuldades.
Saúde
Sobre saúde, o governador admitiu que existem parcelas em atraso a serem repassadas a hospitais e, mais uma vez, atribuiu ao peso da previdência nas finanças como fator preponderante para que tudo não esteja em dia. Contudo, segundo ele, seu governo até então fez repasses mais altos que todo o governo anterior.
“Nós repassamos mais em três anos que o governo passado em quatro anos. Há, sim, parcelas em atraso, o que nós vamos regularizar com toda certeza”, disse.
A Cidade Administrativa voltou a ser alvo de críticas por parte de Pimentel. Ele afirmou que pretende criar um grupo formado por diversos setores da sociedade para discutir o melhor uso para os prédios, localizados na Região Norte de BH.
Pimentel negou que haja uma espécie de “fuga em massa” das empresas do estado devido a carga tribuária. De acordo com ele, existem atualmente 91 projetos voltados para atração de empresas e R$ 5 bilhões sendo investidos. “É de 3,5% o peso do ICMS no tamanho do bolo econômico do estado”, afirmou.
Ele admitiu, contudo, a alta na alíquota da gasolina teve elevação em sua gestão, mas disse que, por outro lado, a do diesel foi reduzida e até zerada em alguns casos. “A aliquota de gasolina é mais alta mesmo. Mais baixa é a do diesel, pro pobre pegar o ônibus. Inclusive nos zeramos o ICMS do diesel no transporte de passageiros para impedir que houvesse aumento nas tarifas”, declarou.
Sobre segurança, o governador disse que o modelo de bases comunitárias deve ser ampliado e que o estado vai procurar alternativas a militarização da segurança pública, como ocorre em outros estados.
Marcio Lacerda
Fernando Pimentel negou que tenha jogado a pá de cal, como afirmou o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), em entrevista ao Estado de Minas. Pimentel creditou a desistência de Lacerda em concorrer a acordos e arranjos internos do PSB que resultaram na retirada do nome dele.
“Não tem vingança nenhuma. Eu tenho uma boa relação com o Marcio e espero continuar tendo”, declarou.
MDB
Pimentel ainda negou que a ex-presidente Dilma e candidata ao Senado por Minas na chapa dele tenha exigido que o MDB não fosse aceito na chapa. Mas ele garantiu que o partido não está fora de suas possíveis alianças para governar em eventual segundo governo.
“Não houve uma exigência. O que houve foi uma observação da presidenta Dilma de que não seria confortável para ela, na chapa majoritária, ter deputados federais que votaram no impeachment dela”, contou.