O PT divulgou ontem nota de repúdio contra o protesto da Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas – sexta maior cidade do estado, com 400 mil habitantes –, que paralisou o atendimento à população para pressionar o governo do estado a repassar recursos em atraso. A greve ocorreu na segunda-feira, quando as portas da prefeitura foram fechadas e os serviços públicos municipais foram interrompidos. Na nota, assinada pelo presidente do diretório do PT em Montes Claros, Paulo Rogério Souza, a manifestação é classificada de “locaute” e de “ação eleitoreira”, uma vez que ocorre às vésperas das eleições de outubro.
O PT acusa o prefeito Humberto Souto (PPS) de tentar “enganar e ludibriar o eleitorado se escondendo por trás dos temas saúde e educação, retornando com a velha política da difamação e das ações agressivas para atingir e prejudicar o (governador) Fernando Pimentel”. Também faz alusão a uma vinculação entre Souto e candidatos do PSDB.
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Prefeitura de Montes Claros faz greve por atrasos de repasses do governo de MinasPrefeitura de Montes Claros ocupará prédio antigo da CoteminasNa segunda-feira, Humberto Souto justificou a suspensão dos serviços diante dos atrasos no repasse de recursos da saúde – que já chegam a mais de R$ 40 milhões – e de verbas do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), desde janeiro, que somam R$ 12 milhões.
“O protesto é uma forma de despertar a sociedade, mostrar para a sociedade que o município não é culpado pelo que está acontecendo. O culpado é o estado, que está descumprindo suas obrigações legais”, afirmou o prefeito na segunda-feira, salientando que a falta de repasses tem comprometido seriamente os serviços essenciais de saúde e educação no município.
“Promover manobra de tamanha vergonha visando somente prejudicar o Fernando Pimentel faz o senhor prefeito agravar a crise de confiança, espalhar o caos nas instituições em conluio às ações tucanas contra a democracia e a soberania nacional”, diz a nota do PT.
'Tudo mentira'
Após dizer que responderia os ataques também em nota, o prefeito acabou rebatendo as acusações em entrevista. “É tudo mentira. Não houve política nenhuma. (Durante o protesto) não falei nome de político algum”, alegou o prefeito, lembrando, no entanto, que mencionou a “irresponsabilidade do governador do estado de não fazer os repasses”.
Também refutou a nota do PT de tentar vincular a manifestação com campanha eleitoral de candidatos tucanos. “Não tem nada a ver uma coisa com outra.” Souto ressaltou que vai continuar a mobilização até conseguir as verbas em atraso.
Humberto Souto também admitiu que existem petistas em sua administração, mas que não deverá exonerar ninguém por causa do episódio.