A candidata da Rede ao Planalto, Marina Silva, esboçou algumas de suas propostas para a economia caso eleita em outubro. Entre os principais tópicos, defendeu redução da máquina pública, não subir tributos e acabar com o que chamou de "farra do Refis", o refinanciamento de dívidas. "Isso vai ajudar as contas públicas. Muita gente é a favor do livre mercado, mas na hora de negociar perdão de dívida, é o primeiro a ir ao balcão do governo", disse, durante sabatina promovida pelo Estadão e Faap, nesta terça-feira, 28, em São Paulo.
De acordo com a candidata, hoje, na questão econômica, "já temos o leite derramado". Ela defendeu que controlar gasto público é uma determinação do governo, sobretudo ao conter a corrupção. "Passamos pelo pior trauma de corrupção e não vejo debate em relação a como integrar as contribuições da sociedade", disse. Mesmo com o discurso de propostas favoráveis ao mercado, Marina fez questão de destacar que os ajustes dos gastos não recairão sobre os mais frágeis.
Como de praxe, a líder da Rede fez duras críticas à proposta de reforma da Previdência apresentada por Michel Temer, que teria levado ao Congresso uma reforma que "foi mais para populismo com o mercado do que uma tentativa de resolver a questão". Marina defendeu o debate sobre o tema, mas em outros moldes. Solicitada a adiantar alguns pontos, disse que não tem um projeto pronto, mas defendeu idade mínima, respeitando, entretanto, diferença entre homens mulheres.
Confronto
Um dos momentos de maior confronto no debate foi quando a colunista do Estadão Vera Magalhães e a repórter, também do Estado, Marianna Holanda questionaram a candidata sobre a ausência de propostas efetivas para o governo e se, no momento da corrida eleitoral, não seria prudente apresentar algo mais definido aos eleitores.
Marina disse que na eleição passada muitos candidatos apareceram com propostas bem desenhadas, mas nada fizeram. Novamente questionada sobre a ausência de algo concreto para itens importantes, como a Previdência e áreas que pretende cortar para melhorar a gestão da máquina pública, disse: "não vou dizer", de forma séria.
Apesar do momento de evidente tensão, a situação tirou gargalhadas da plateia presente no auditório da Faap. Marina, entretanto, deu pistas depois. "Vamos diminuir ministérios? Sim. É possível que se diminua ministérios. Mas não é para fazer populismo dizendo que vou cortar esse ou aquele".
Marina é a terceira candidata a participar da sabatina do Estado de S.Paulo nas eleições presidenciais 2018, feita em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). A série de encontros Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenciáveis ocorre na sede da fundação, em São Paulo, entre os dias 27 de agosto e 6 de setembro, e foi iniciada com um encontro com Alvaro Dias, do Podemos, e contou também com João Amoêdo (Novo).
Além deles, estão confirmadas as presenças de Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). O candidato Jair Bolsonaro (PSL) declinou do convite e a participação de Fernando Haddad, vice na chapa do ex-presidente Lula, foi suspensa até que a situação do registro do PT na Justiça esteja resolvido.
POLÍTICA