Assim como no primeiro debate entre os candidatos à presidência da república, na Band, no início do mês, Jair Bolsonaro (PSL) voltou a ficar em situação complicada quando confrontado sobre a desigualdade de gênero no Brasil e suas abordagens ao tema. Nesta terça-feira, o deputado federal foi questionado por Renata Vasconcellos, da Globo, e preferiu fazer perguntas aos apresentadores a responder objetivamente. O embate elevou o nome da jornalista ao segundo assunto mais comentado no Twitter - o primeiro era a presença do político na sabatina.
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Quando Renata voltou a questioná-lo sobre o que um presidente pode fazer quanto ao tema, Bolsonaro iniciou uma comparação quanto aos salários da apresentadora com William Bonner.
- A questão de salário, de competência, na CLT já se responde isso.
- Nós sabemos que, na prática, existe desigualdade salarial entre homens e mulheres. Eu gostaria de saber se o senhor, eleito, que políticas fazer para evitar essa desigualdade?
- Porque o Ministério Público não age no tocante a isso. Pode agir. Eu não tenho gerência sobre isso. Isso é CLT. É só denunciar ao Ministério do Trabalho.
- O senhor sabe que o Estado tem mecanismos para estimular a iniciativa privada para que não cometa esse tipo de desigualdade.
- Faria. Mas o Ministério Público poderia ser acionado. Estou vendo aqui uma senhora e um senhor e existe uma diferença salarial aqui. Parece que é muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes.
- Me desculpe, mas eu vou interromper vocês. Eu poderia até, como qualquer cidadã brasileira, fazer questionamentos sobre seus proventos, porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos, e eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém.
A entrevista também rendeu contestações entre Jair Bolsonaro e William Bonner sobre a Globo apoiar o golpe militar de 1964. Ao ser questionado sobre não considerar a ditadura como um momento de restrição dos direitos, o candidato do PSL indagou os apresentadores do Jornal Nacional, sobre a postura do fundador das Organizações Globo, que em editorial chamou o episódio da história como “revolução” e indagou: “Roberto Marinho é um ditador ou um democrata?”. Na sequência foi interrompido e informado do fim do tempo para se pronunciar.
No início da entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre suas contestações e de como pode ser considerado um candidato com 'novas' propostas ao contrário da 'velha' política, sendo que exerce o cargo de deputado federal há quase 28 anos (sete mandatos), além de ter familiares eleitos com ajuda de seu sobrenome.
Bolsonaro alegou que sua família não está envolvida em escândalos de corrupção, que os eleitores não foram forçados a votar em seus parentes e que tem consiência tranquila de sua trajetória na Câmara. "Se não aprovei muitos projetos, evitei que muitos projetos ruins fossem aprovados."
Quando Bonner perguntou ao candidato do PSL se ele teria um 'plano B' quanto ao Ministério da Economia, Bolsonaro lembrou as promessas de casamento e revelou não ter pensado em um possível cenário de substituição do economista Paulo Guedes, economista já escolhido pelo deputado para a pasta. "Tenho que confiar nele, como ele tem que confiar em mim. Se acontecer, paciência", disse.
Em suas palavras finais, Bolsonaro recorreu ao revezamento “entre os dois partidos”, em referência a PT e PSDB e disse que está no momento de os eleitores recorrerem a uma nova alternativa. Ele ainda disse que representa parte do eleitorado formado por famílias e comentou sobre a necessidade de dar diretrizes ao que se aprende nas escolas..