A defesa do candidato a deputado federal Cândido Vaccarezza (Avante-SP) ofereceu na sexta-feira, 31, ao juiz federal Sérgio Moro ‘hipoteca de imóvel ou carta de fiança bancária’ para tentar quitar a fiança de R$ 1,5 milhão imposta pelo magistrado da Operação Lava Jato. O ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara tinha até as 23h59 desta sexta-feira, 31, para pagar o montante.
"(Requer) o acolhimento da substituição do depósito pela garantia imobiliária ou pela fiança bancária, com expedição de comunicação ao Cartório de Registro de Imóveis no primeiro caso, ou autorização expressa no segundo, no fito de que o requerente providencie junto à instituição financeira a expedição de carta de fiança", anotaram os advogados.
Em documento enviado ao juiz às 19h46 desta sexta, a defesa afirmou que embora discorde da fiança, ‘nunca, em momento, foi a intenção do requerente deixar de cumprir irrestritamente as medidas cautelares impostas’.
Vaccarezza relatou a Moro que ‘procurou junto a familiares, amigos e instituições financeiras, sem êxito, a contração de empréstimo para efetuar o depósito’.
"Sempre na tentativa de atender à determinação judicial, o requerente informa que existe a possibilidade de adimplemento da fiança mediante hipoteca de imóvel ou carta de fiança bancária", contou.
Vaccarezza afirmou que sua mãe tem ‘dois imóveis rurais livres de ônus’: a Fazenda Recreio medindo 82ha,32a84ca (oitenta e dois hectares, trinta e dois ares e oitenta e quatro centiares)e a Fazenda Nova Esperança - com 108,17t (cento e oito tarefas e dezessete braças), ambas na Bahia.
Segundo ele, ‘na condição de proprietária (sua mãe) autorizou expressamente, com anuência de todos os herdeiros, que os imóveis, no valor de R$ 1,8 milhão sejam dados em garantia real do pagamento da fiança’.
Os advogados de Vaccarezza entregaram a Moro a documentação dos imóveis rurais. "A documentação anexa é suficiente a demonstrar a possibilidade de inscrição da hipoteca, ante a inexistência de qualquer ônus que recaia sobre o aludido imóvel", afirmaram.
O ex-deputado foi preso em 2017 na Operação Abate, 44.ª fase da Lava Jato. Moro mandou soltar Vaccarezza, que alegou ‘problemas de saúde’, mas com imposição de seis medidas cautelares. Na lista, uma fiança de R$ 1,5 milhão.
O ex-deputado deixou a cadeia sem pagar o montante. Em julho, mesmo devendo R$ 1,5 milhão, Vaccarezza criou uma lista no WhatsApp para arrecadar valores para sua campanha a deputado federal nas eleições 2018. A ‘vaquinha’ de Vaccarezza foi revelada pela reportagem do Estadão.
Moro deu, no dia 14 de agosto, um ultimato ao ex-deputado: prazo de cinco dias para o ex-parlamentar acertar as contas, sob pena de prisão preventiva.
Em 22 de agosto, Sérgio Moro colocou Vaccarezza no banco dos réus. O juiz da Lava Jato aceitou a denúncia do Ministério Público Federal, no Paraná, contra o ex-deputado e outros nove investigados por formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro, em suposto esquema de corrupção relativo ao fornecimento de asfalto pela empresa americana Sargeant Marine à Petrobrás.
Um dia depois de ser denunciado, Vaccarezza afirmou a amigos que a acusação contra ele ‘se baseia numa delação premiada de uma única pessoa’. Em mensagem, o candidato escreveu que tem ‘condições de disputar e ganhar as eleições’.
"Amigos. O MP me denunciou ontem. Como vocês sabem esta denúncia se baseia numa delação premiada de uma única pessoa, não tem prova, não tem movimentação financeira, não tem enriquecimento ilícito. Sou inocente e vou provar a minha inocência. Temos condições de disputar e ganhar as eleições. Vamos fazer a campanha sem medo e com a certeza da vitória. O Brasil tem jeito e serei a voz da nossa base em Brasília. Nunca vou decepcionar nenhum de vocês. Forte abraço. Vaccarezza", escreveu.
POLÍTICA