Alavancados ao status de personalidades da internet, graças aos milhões de visualizações nas redes sociais, os memes querem agora um lugar no Legislativo. Entre os 1.317 candidatos ao cargo de deputado estadual e 849 a federal por Minas Gerais estão figuras conhecidas do YouTube e grupos de WhatsApp e – como já é tradição na corrida eleitoral – personagens pitorescos em busca de projeção nos poucos segundos de TV.
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Candidato a deputado faz campanha no Grindr, app de paquera gayCandidata se enrola, comete gafe ao vivo na TV e vira meme; veja videoRenata Vasconcellos discute com Bolsonaro em entrevista e vira meme nas redes sociaisCandidata usa vídeo em que mata ladrão para fazer campanha eleitoral“Foi um acaso. Tanto o nome quanto o personagem foram criados no dia do vídeo porque meu amigo só tinha aquele dia livre para gravar. Aí corri, comprei tudo, bigode, peruca, calça, botina e montei”, conta Iago, candidato a deputado federal pelo Avante, que antes da música foi estoquista de loja, garçom e operador de máquinas.
O bordão “Cê tá doido” alavancou Juliano Santos Barbosa, de 43, a uma espécie de estrela nos grupos de WhatsApp dos amigos. Não demorou muito para o personagem rodar o Brasil e, com a ajuda das filhas, abrir uma conta no Instagram, com mais de 100 mil seguidores. A popularidade o fez candidato a vereador por Janaúba, com 400 votos, e agora o levou a tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, também pelo Avante. “Recebo pedidos do Brasil inteiro, festa de igreja, cavalgadas, e gravo o bordão sem cobrar nada”, conta o comerciante. “Quero aproveitar a candidatura para representar os trabalhadores rurais da minha região”, conta.
ERA PRÉ-MEME
Tony Play, é uma espécie de dinossauro dos memes. Desde 1986, com chapéu, óculos escuros, berrante nas mãos e título de “Rei do Gado”, o advogado participa de eleições, sem nunca se eleger.
Depois de mais de uma dezena de eleições por oito partidos diferentes, Tony Play vai se aposentar. “Vou encerrar a carreira. Se der, deu...”, conta Tony Play, de 69, candidato a uma vaga na Câmara pelo Patriota. “Meu sonho é ser deputado federal. Ficar lá no meio daqueles caras inteligentes. Gosto da política, de fazer política. Nunca ganhei um centavo, só perdi. Meus filhos não conversam comigo, sou separado.
NOMES INUSITADOS
Antes mesmo do início da propaganda eleitoral gratuita, que começou na sexta-feira no rádio e na televisão, duas candidatas mineiras ganharam a internet com um jingle estridente e de qualidade discutível. As gêmeas Daniela e Mirelle Alves Soares, de Santa Luzia, fazem uma dobradinha para Assembleia e Câmara pelo PSDB como as Gêmeas da Saúde. Em 2016, elas tentaram vaga na Câmara Municipal como as “Gêmeas Dançarinas”. No jingle, de 2min, já contado na casa dos milhões de visualizações, as gêmeas prometem melhorar a saúde e acabar com a pobreza.
O eleitor que estiver em busca de nome novo para a Assembleia Legislativa e bancada mineira no Congresso Nacional pode ter algumas outras surpresas ao pesquisar a lista de candidatos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na corrida por vaga de deputado estadual, por exemplo, está Valmir Evangelista, o “Vai ser Rico, Trem” (Pros), de Paraopeba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que declarou pouco mais de R$ 105 mil em bens.
“Vai ser Rico” concorre a uma vaga de deputado estadual com candidatos como Palhacinho Minduin (PSB) e Palhaço Biscoito (PHS) – que, apesar do nome, é motorista de ônibus em Belo Horizonte –, Keridão Potência (PCdoB), Parrudo (PRTB), Chopinho (PSC), e Tieta (PMN) – que é homem. Na disputa pelas 53 vagas na Câmara dos Deputados estão Clara Transparente (PSC), Dé Titica (PHS), João Rasgado (Psol) e o pouco conhecido Euclides, o Famoso (Podemos).
Memória
Humor como cabo eleitoral
Com o bordão “Tiririca, pior que tá não fica!”, o palhaço conhecido por suas roupas coloridas e piadas na TV foi o mais votado do país nas eleições para deputado federal em 2010, com cerca de 1,3 milhão de votos. Em 6 de dezembro do ano passado, fez o primeiro discurso para anunciar que se despedia da vida pública. Da tribuna, admitiu não ter feito muita coisa. Afirmou que deixava a política por estar decepcionado e “totalmente com vergonha” do que viu na Câmara. “São 513 deputados, só oito são assíduos.
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