A disputa para as duas vagas para o Senado destinadas a Minas Gerais este ano conta com uma candidata, Dilma Rousseff (PT), que, por sua condição de ex-presidente da República, é “familiarizada” do eleitorado e, por isso, disparou nas primeiras pesquisas.
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Kalil pede voto na eleição ao Senado e ainda não decidiu apoio para presidenteFábio Cherem é o candidato ao Senado por coligação de Adalclever LopesIbope para Senado em Minas mostra Dilma com 22% e Carlos Viana com 11%As primeiras pesquisas para o Senado em Minas mostraram que se a petista tem maiores chances de ser eleita, o preenchimento da segunda vaga está aberto.
A última pesquisa Ibope, divulgada na quarta-feira passada, coloca a ex-presidente com 22%, o dobro do segundo colocado, o jornalista Carlos Viana (PHS), que tem 11%. Em seguida vêm: Coronel Lacerda (PPL) e Professor Túlio Lopes (PCB) empatados com 7%; Dinis Pinheiro (SD) e Rodrigo Pacheco (DEM), cada um com 6%; Bispo Damasceno (PPL), 5%; Ana Paula Alves (PCO) e Vanessa Portugal (PSTU), ambas com 4%; Edson André dos Reis (Avante), Jaime Martins (Pros) e Rodrigo Paiva (Novo), com 3% cada; e Duda Salabert (Psol); Kaká Menezes (Rede) e Miguel Correa (PT), com 2%.
Ao contrário de Dilma, o grande desafio dos componentes do “segundo pelotão” é se esforçar para se tornar conhecidos dos eleitores em todo o estado, intensificando o corpo a corpo e turbinando as redes sociais, além de contar com a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.
O professor Carlos Horta, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), considera que Dilma Rousseff lidera com folga as pesquisas não somente por ser conhecida como ex-presidente.
“Mas também existe um sentimento coletivo de que ela foi tirada do poder sem ter culpa. É uma espécie de sensação de uma decisão equivocada que precisa ser reparada”, argumenta Horta, referindo-se ao processo de impeachment sofrido por Dilma em abril de 2016.
Para o professor, os demais candidatos ao Senado, além da missão de se mostrarem mais conhecidos para conquistar os votos, precisam convencer o eleitor sobre a importância e o papel da Casa legislativa. “O Senado é a câmara alta, que reúne os representantes das unidades federadas”, destaca Horta.
Nesse aspecto, ele lembra que os candidatos ao Senado não podem fazer promessas para determinadas regiões ou grupos, mas para o país e para todo o estado. “Os candidatos ao Senado precisam se apresentar aos eleitores com uma visão mais abrangente, e não tratar apena de questões locais”, observa o cientista político da UFMG.
ESTRATÉGIAS
Embora tenha nascido em Belo Horizonte, a ex-presidente fez carreira profissional e política no Rio Grande Sul.
Já Carlos Viana aposta todas as fichas no prefeito de BH, Alexandre Kalil, seu correligionário no PHS, na divulgação de sua candidatura. Kalil declarou que só iria pedir votos para Viana para senador e gravou propaganda eleitoral com o candidato para o rádio e para a televisão. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com Viana.
Em tempos de redes sociais, o corpo a corpo e a ida nos chamados “grotões” (como dizia Tancredo Neves) continuam fazendo a diferença no trabalho eleitoral. A “cartilha” é seguida pelo deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM).
“Hoje, todas as campanhas são mais curtas e mais baratas. Então, o negócio é saliva e sola de sapato”, afirma Pacheco. Durante o seu mandato de deputado federal, ele nunca parou de viajar pelo interior do estado e disse que até a eleição de 7 de outubro vai “percorrer o número máximo possível de municípios” em todas as regiões mineiras.
O democrata disse que, reconhece, no atual momento, a ex- presidente tem uma situação mais confortável do que a dos demais concorrentes. “Ela é uma ex-presidente da República, conhecida por 100% da população. É evidente que ela tenha melhores condições neste instante”, declarou.
Outro candidato ao Senado que aposta no corpo a corpo e nas viagens ao interior para melhorar o seu desempenho nas pesquisas é o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro (SD).
“Nos últimos três anos e meio, visitei mais de 500 municípios de Minas, sempre com o objetivo de vivenciar de perto o dia a dia dos mineiros em cada cidade e compreender as diversas particularidades de cada lugar do estado. A campanha eleitoral deste ano está sendo assim, de muitas andanças por Minas Gerais e também conversando com os mineiros nos diversos canais na internet e agora na TV e no rádio”, observa Dinis.
PRESTES
Túlio Lopes é outro que ressalta a importância de colocar o pé na estrada. Texto divulgado na página do PCdoB na internet faz uma comparação entre a investida do candidato no interior de Minas e o revolucionário Luiz Carlos Prestes, o “cavalheiro da esperança”, que percorreu o país à frente da “Coluna Prestes”.
“Mesmo com todas as dificuldades de ordem material e financeira, o professor Túlio Lopes (...) já percorreu mais de 6 mil quilômetros no estado, levando as bandeiras por uma Minas Gerais mais justa, inclusiva, à disposição da juventude, que não se vende, nem trai o seu povo”, diz a publicação.
O coronel reformado da Polícia Militar Elio Lacerda tem como proposta “resgatar a autoestima do povo mineiro” para fortalecer sua candidatura.
Na propaganda no rádio e na TV, o eleitor se deparou com um novo candidato ao Senado: o deputado estadual Fábio Cherem (PDT), que ainda não aparece nas pesquisas. Ele entrou no páreo na última semana, pela coligação do candidato a governador Adalclever Lopes (MDB). Embora apareça nas pesquisas, Jaime Martins desistiu da disputa.
Memória
No Executivo e no Legislativo
Antes de Dilma Rousseff, quatro ex-presidentes concorreram e foram eleitos para o Senado após ocupar o comando da Nação: Juscelino Kubitschek, José Sarney, Fernando Collor de Mello e Itamar Franco. Três deles – JK, Sarney e Collor – exerceram mandatos no Legislativo e governaram seus estados antes de chegarem à Presidência. Itamar também foi governador de Minas, mas após passar pelo Palácio do Planalto. Como Sarney, ele foi senador antes e depois de presidir o país. Já a petista nunca ocupou cadeira no Legislativo, sendo que, até hoje, a única eleição que ela disputou foi pela Presidência da Republica, em 2010 e 2014.
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