Jornal Estado de Minas

Coluna do Baptista Chagas de Almeida



Dois mineiros do mundo na tragédia


“A corrupção é inaceitável,venha de onde vier. O juiz não pode ter preferências. Não importa quem seja, se está errado está errado. A lógica de um juiz não é de amigo e inimigo.” A declaração é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, em evento promovido pela revista Exame. Nem é preciso examinar mais o mérito da questão. Claro que se tratava da questão jurídica envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Só que a lógica petista de tentar fingir que o ex-presidente Lula conseguirá se candidatar, ainda há recursos de sua defesa sobre essa questão, divide o PT. Como sempre, há uma ala defendendo que ele figure como candidato até o trânsito em julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Recursos e mais recursos que possam confundir.

Quem confundiu as coisas, de fato, foi o governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição.

“Muito triste ver senador que votou a favor da PEC do teto dos gastos lamentando o incêndio no Museu Nacional sem fazer autocritica. O PSDB é culpado também”, avaliou. “É de rir”, foi a resposta do senador Antonio Anastasia (PSDB), seu adversário na briga pelo comando do Palácio da Liberdade. Melhor deixar pra lá, eles que se entendam.

Afinal, ninguém é de ferro. Assistir por horas e mais horas a fio ao julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a candidatura de Lula, que começou sexta-feira e entrou pela madrugada de sábado e ver tudo pegando fogo em pleno domingo com o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro já bastaria.

O Brasil mereceu mesmo a quantidade de manchetes nos jornais mundo afora. Foi notícia pelo planeta afora. O português Público trouxe na capa o incêndio como matéria principal E postou uma galeria de fotos das chamas consumindo o palácio.
O El País espanhol destacou que o museu era “a mais antiga instituição científica e de história natural do país”. E fez questão de registrar que dom João VI criou o museu em 1818.

Para resumir, em sites ou no papel, o Brasil apareceu no New York Times e no Washington Post, bastam os dois, porque teve mais, muito mais. Na América Latina, então, nem se fala. Manchetes e mais manchetes. Enquanto a história antiga assombra o mundo, os tempos atuais, em temporada de eleição, não terão destaque com louvor em nenhum lugar. O Brasil sai arranhado, não há como cicatrizar, tão machucado está. O Museu Nacional foi interditado pela Defesa Civil.

Albert Einstein, Lévi-Strauss, Madame Curie e por aí vai visitaram o museu que agora não há mais. Entre muito mais gente famosa, basta incluir Santos Dumont e Juscelino Kubitschek, dois mineiros do mundo que não poderiam ficar de fora.

Bloco na rua
“Aí João / Não foi legal / Largou o cargo / Abandonou a Capital / Agora é tarde / Pra se explicar / Ninguém aguenta mais tanto blá-blá-blá...
E por aí vai. Quem passou recibo foi o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, que pretendia tirar do ar o jingle do seu adversário na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes Márcio França (PSB). O juiz que negou, Mauricio Fiorito, alegou “liberdade de expressão e crítica política”. Manteve a canção, que é em ritmo de carnaval. Pelo jeito, França continua com o bloco na rua dos seus programas.

Um lamento
Em meio à perplexidade diante da tragédia no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o deputado estadual João Leite (PSDB) foi buscar inspiração no comunicador e ativista do movimento nacionalista negro da Jamaica Marcus Garvey, que diz: “O povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”. Ele acrescentou que o corte de 60% nos investimentos no museu, desde 2013, “foi um enorme descaso com a história brasileira”. Lembrando os 200 anos do museu e a história que ele guardava, resumiu: “É lamentável”.

O 1º turno
Será posto hoje em votação o projeto que permite a reeleição de presidentes da Câmara Municipal de Belo Horizonte. A eleição é em dezembro, mas a proposta já está na pauta em primeiro turno. Vão seguir o Congresso, que permite a reeleição na Câmara dos Deputados e no Senado, e a Assembleia Legislativa (ALMG). Afinal, as candidaturas, pelo jeito, já estão lançadas.

E inclui os vereadores Autair Gomes (PSC), Elvis Cortês (PHS), Léo Burguês (PSL) e Preto Sacolão (MDB). Pelo andar da carruagem, a campanha será longa até quase no fim do ano. É esperar para ver. E crer. Vai que aparece mais alguém na disputa.

Solidariedade
O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) / Circuito Liberdade, claro que não poderia deixar de lamentar o incêndio no Rio. Só que a nota apenas retrata o que todo mundo já sabia. Bem, para ser justo, ele informa: “O Iepha-MG, que em seus 47 anos de existência preza pela proteção e conservação dos bens culturais de Minas Gerais, se solidariza às entidades responsáveis pela manutenção do equipamento no que se refere aos enfrentamentos e dificuldades relativas à política de proteção do patrimônio cultural brasileiro”. Então, tá aí o lamento.

Pero, no mucho
Não se manifestem. Calma, gente! Nada a ver com a política brasileira, mas o pedido bem que cabe por aqui: “Não se mobilizem, ponham sua energia em defender a universidade e a saúde pública, a ciência e a tecnologia e ajudar aqueles que estão passando por dificuldades, que infelizmente não são muito poucos em nosso país hoje”. Trata-se de Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, que responde pelo menos cinco processos judiciais por suposta corrupção.

PINGAFOGO

“É preciso jogar uma lupa sobre o problema para impedir que esse fato se repita em outras situações.” A frase é do presidente da Comissão de Educação, Danilo Cabral (PSB-PE).
Claro que se tratava do Museu Nacional, no Rio. E teve ainda:

“Homenagem aos 96 anos da Pedra Fundamental da Construção de Brasília”. O detalhe é a reivindicação de que a Pedra Fundamental seja considerada patrimônio histórico nacional. Já que não ofende, a imagem vai mais que mil palavras. Lotado, hein!

Adiar, adiar, adiar. Fernando Haddad (PT) que espere. Quem mandou foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mesmo preso, resolveu esperar os recursos de seus advogados. É decisão de risco, se adiar muito, Haddad...

Bem, para deixar claro, é melhor acreditar que se trata de manobra não só dos advogados. A ideia é manter Lula na mídia, como este registro, para catapultar o número 13 na eleição para Fernando Haddad (PT).

Já que não ofende, quem vai pagar a multa de R$ 500 mil? Sendo assim, melhor deixar e esperar para ver se será mesmo esta estratégia. Vem dos advogados dos marqueteiros?

 

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