Juiz de Fora e Montes Claros - Os quatro advogados de Adelio Bispo de Olivera, que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nessa quinta-feira em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, são bancados por uma ‘congregação evangélica’ de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais.
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Defesa sustenta que agressor de Bolsonaro agiu sozinho e refuta conspiraçãoCirurgia vai tirar Bolsonaro de atos na rua até as eleições em 1º turnoAgressor de Bolsonaro é transferido para presídio federal no Mato Grosso do Sul'Bancada de parentes' cresce na Câmara dos DeputadosAdelio pagou R$ 400 para ficar em pensão a 15 minutos de local onde esfaqueou BolsonaroAgressor de Bolsonaro ficará isolado em cela de 7 m² no presídio de Campo GrandeOs advogados Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Marcelo Manoel da Costa foram os responsáveis por defender o acusado durante audiência de custódia na tarde dessa sexta-feira, em Juiz de Fora.
Representante de Bolsonaro, o deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) questionou o fato de Adelio ter contratado tantos advogados particulares. “Nos chama muita atenção - e aqui eu faço o registro de que é um direito da defesa ter advogados -, mas alguém, em situação de pobreza como a gente viu, ter quatro advogados e não ter a defensoria pública acompanhando… Só aí eu deixo para vocês de que não há indícios de que não é um ‘lobo solitário’ sem estrutura financeira nenhuma”, disse, ao sair da audiência.
Na manhã deste sábado, Adelio - que é investigado com base na Lei de Segurança Nacional -, foi transferido de Juiz de Fora para um presídio federal no Mato Grosso do Sul, onde cumprirá prisão preventiva. Ainda na madrugada de quinta para sexta-feira, ele havia sido levado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) após ser pego em flagrante.
Os advogados
Zanone Manuel de Oliveira Júnior e Fernando Costa Oliveira Magalhães são velhos parceiros. Os dois trabalharam juntos, por exemplo, na defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, envolvido na morte de Eliza Samúdio, ex-namorada do ex-goleiro Bruno.
Zanone e Fernando trabalham em Belo Horizonte e na Região Metropolitana da capital, mas não são do mesmo escritório. Os dois foram acionados por Marcelo Manoel da Costa e Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, que são de Barbacena, na Zona da Mata, e acompanham o caso desde o início.
Silêncio
Enquanto isso, advogados de Adelio orientaram os familiares dele em Montes Claros a não dar nenhuma declaração. O silêncio tem o intuito de "não atrapalhar as investigações".
"Só podemos dizer que não sabemos de nada" , disse uma sobrinha do agressor de Bolsonaro ao Estado de Minas, na manhã deste sábado , esclarecendo que segue orientação dos advogados. "Não vou responder nenhuma pergunta.
Na sexta-feira, um dia após o atentado contra o presidenciável do PSL, durante um ato de campanha no Centro de Juiz de Fora, foi grande o movimento de profissionais da imprensa nacional na casa humilde da família (onde o lote é ocupado por vários barracos sem reboco), no Bairro Maracanã (Região Sul de Montes Claros). Mas os familiares do homem, evitando o assédio da imprensa e com medo de represálias, deixaram o local, indo para as casas de outras pessoas da família, na zona rural do município.
No imóvel no Bairro Maracanã permaneceu somente o pedreiro Eraldo Fábio Rodrigues Oliveira, de 47 anos, companheiro de uma sobrinha de Adélio. O pedreiro disse para a imprensa que o homem que esfaqueou Bolsonaro tem hábitos estranhos e sempre que retornava à cidade natal para rever a família ficava trancado dentro de um quarto com as janelas fechadas, mesmo nesta região de clima muito quente.
Uma outra parente do homem que atacou Bolsonaro revela que há três anos, ele começou a apresentar comportamento estranho, "falando coisas desconexas ". Advogados de Adelio informaram que ele faz uso de remédio controlado, mas não apresentaram laudo médico de que o cliente sofre transtorno psiquiátrico.
O pedreiro Eraldo se envolveu em uma briga com Adélio em abril de 2013, registrada em boletim de ocorrência da Polícia Militar, ao qual o Estado de Minas teve acesso. A desavença começou quando o pedreiro reclamou o não pagamento de um barracão da família por Adelio, que não gostou da cobrança. Os dois se agrediram fisicamente. Acabaram sendo levados para a delegacia, mas não ficaram presos.
Conforme os familiares do agressor de Bolsonaro, ele deixou a casa da família aos 17 anos e foi trabalhar em Santa Catarina. Chegou a trabalhar como camareiro em um cruzeiro marítimo Internacional e para isso, aprendeu a falar inglês e espanhol, de acordo com uma sobrinha dele. "Teve uma época que ele ficou vários dias no navio (atracado) a poucos metros da entrada dos Estados Unidos. Ele contou que teve oportunidade de entrar lá, mas preferiu nao fazer isso " , disse a fonte, explicando que o tio não quis aproveitar a "oportunidade" para entrar clandestinamente nos EUA.
Ainda conforme seus parentes, há oito anos, Adélio tornou-se missionário da Igreja do Evangelho Quadrangular e, nesta condição, passou a passar maior parte do tempo se deslocando entre vários lugares. "Ele sempre ficava viajando entre Uberaba, Uberlândia e Santa Catarina", disse uma sobrinha de Adelio ao EM. Por outro lado, ela alegou que só veio saber da presença do missionário em Juiz de Fora, quinta feira, por meio do noticiário da televisão sobre o atentado contra o candidato do PSL.
Na sexta-feira, os advogados que defendem Adelio disseram em Juiz de Fora que foram contratados pela família do agressor de Bolsonaro com honorários custeados por uma igreja evangélica frequentada por parentes de Adelio. No entanto, na quinta-feira à noite, a família de Adelio revelou em Montes Claros que não tinha feito nenhum contato, pois nem sabia que o missionário estava em Juiz de Fora.
(Colaborou Laís Possani, da TV Alterosa).