Entre prédios residenciais novos ou recém-reformados, uma casa simples simples, com pintura já deteriorada pelo tempo, chama atenção. Localizada no meio da ladeira da rua Oswaldo Cruz, no Centro de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, a pensão ganhou notoriedade por ter hospedado Adelio Bispo de Oliveira. Para ficar por lá, o homem que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) pagou R$ 400 à vista, em dinheiro.
O valor corresponde a um mês de aluguel. Adelio, no entanto, morou no local por cerca de 15 dias. Nessa quinta-feira, deixou a modesta pensão para atacar Bolsonaro no cruzamento entre as ruas Halfeld e Batista de Oliveira. O tempo para percorrer a pé o quilômetro que separa os lugares é de aproximadamente 15 minutos.
Enquanto vivia na pensão, que tem dois andares e um prédio anexo, Adelio pouco foi visto por vizinhos. Em casa, preferia ficar preso no próprio quarto, segundo relatos de outros moradores ouvidos pelo Estado de Minas na manhã deste sábado.
Ninguém que vive na pensão atualmente quis gravar entrevista ou detalhar informações sobre o local. “Parem de incomodar, vão procurar trabalho”, irritou-se um deles. Moram no prédio integrantes de uma família e pessoas que alugam quartos.
Pouco depois de a reportagem deixar o local, o morador escolhido para ser o porta-voz da pensão publicou no Twitter uma nota sobre o caso. "Pessoas entram e saem o tempo todo e não possuímos curiosidade sobre o que acontece na vida de cada um que entra. Não conhecíamos o agressor, não sabíamos de sua rotina diária ou o que fazia", lê-se no comunicado.
Antecedentes
Ainda segundo a nota, os donos da casa exigem atestado de antecedentes criminais de quem deseja “morar ou ficar por tempo determinado” no local, mas que “em nenhum momento poderia imaginar que algo nestas proporções poderia acontecer”. Adelio possui passagem anterior pela polícia.
Em 20 de abril de 2013, o homem teve o nome registrado em uma ocorrência da Polícia Militar de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, por lesão corporal devido a uma desavença com o pedreiro Eraldo Fábio Rodrigues Oliveira, de 47 anos.
Eraldo é companheiro de uma sobrinha de Adelio. No boletim de ocorrência, a polícia relata que os dois envolvidos se desentenderam por causa do não pagamento da conta de luz de um barracão da família. O caso foi tratado como uma ‘desavença familiar’.
Saída de casa
Adelio nasceu e foi criado em Montes Claros, mas já havia deixado a cidade há anos. De acordo com a defesa, o homem de 40 anos não se mudou para Juiz de Fora com o objetivo prévio de atacar Jair Bolsonaro.
“Ele não veio para cá (Juiz de Fora) com a intenção de atingir o candidato. Ele estava aqui. A oportunidade surgiu. Tem gente falando que ele estava seguindo”, disse o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, em entrevista ao Estado de Minas.
Colaborou: Luiz Ribeiro
Fotos: Alexandre Guzanshe