Os filhos e a dama no cenário eleitoral
Comitê de Direitos Humanos da ONU e nada é a mesma coisa. Tanto que os integrantes da cúpula do PT deixam claro que não vai adiantar de novo a recomendação dele sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na manifestação de ontem, o órgão afirma que as medidas provisórias do Comitê “são essenciais para evitar danos irreparáveis à vítima de uma suposta violação”.
Se precisava de mais recibo, não precisa mais. “Suposta violação”. Me poupe! Ainda mais que uma decisão sobre o caso só será oficialmente tratada no ano que vem, quando a tal “violação” já estará morta e enterrada diante do fato consumado meses depois das eleições.
A propósito, a nota do tal comitê começa assim: “Dear MS Taixera, Mr Zanin and Mr Robertson”. Com as damas na frente, como recomenda a boa educação. Pena que MS Taixera, na verdade, é Valeska Teixeira. Mas dá para perdoar. O cavalheirismo alivia.
Os petistas estão sem rumo. Tirando Curitiba, onde Fernando Haddad (PT) esteve com Lula, não conseguem encontrá-lo. O ex-prefeito de São Paulo continua em Curitiba, só ele manteve o rumo da véspera. Ficou por lá. Mesmo diante do lançamento de Luiz Marinho (PT) ao governo do estado. Se foi no Teatro Tuca, na plateia ele não esteve.
O jeito então é voltar ao caso Jair Bolsonaro, mais especificamente aos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). É que eles estiveram com o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rogério Galloro, em Brasília.
“A nossa intenção de vir aqui é saber como andam as investigações”, declarou Eduardo. Só que pouco adiantou. Basta o registro que fez ao deixar o encontro: “A gente não pode, obviamente, falar em que pé estão as investigações. Ele nem abriu para a gente também. A gente acredita muito no trabalho da PF”.
Como são todos policiais, os filhos de Bolsonaro estavam em casa, não iriam reclamar mesmo. E pediram que também a família tivesse segurança. A Polícia Federal negou. Só os candidatos têm direito. Faz muita diferença não.
Enfim, pelo menos acabou a novela. O nine eleven está de volta. Hoje, 11 de setembro, será lançada oficialmente a chapa Fernando Haddad (PT) junto com a candidata a vice-presidente Manuela D’Ávila (PCdoB), deputada estadual no Rio Grande do Sul. O nine eleven é o prazo final para o registro das candidaturas.
Só sete anos
Quinta-feira de manhã, véspera do feriado de 7 de Setembro, Reditario Cassol (PP-RO) ocupou a tribuna do Senado. Conhecia ele? Nem eu! Mas o que interessa é o discurso que fez para condenar, com direito a trocadilho, a demora de seu projeto, apresentado sete anos atrás, para revogar benefícios dados aos criminosos. “O Estado criou mordomias para os detentos.” Reditario não citou nomes, mas nem precisava, né?
Detalhes:
Reditario Cassol é suplente de Ivo Cassol, ex-governador de Rondônia de 2003 a 2010. E a ementa de seu projeto é assim: “Altera o Código Penal, a Lei de Execução Penal, a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, e a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, para revogar ou restringir diversos benefícios concedidos a condenados a pena privativa de liberdade”. Deu para entender o endereço da Polícia Federal (PF) lá em Porto Alegre, onde tem um preso famoso? Fica fácil, né?
Dói no bolso
O juiz federal da 10ª Vara de Brasília, Vallisney de Oliveira, marcou depoimentos do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (foto) e do ex-chefe da Defesa Nelson Jobim. Ambos do governo Lula. Se tem lavagem de dinheiro no meio do caminho, vamos lá. O juiz José Gomes Jardim Neto abriu ação de improbidade contra o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Gilberto Kassab (PSD), e cobrou fiança de R$ 21 milhões. O juiz Sérgio Moro mandou Cândido Vaccarezza (Avante-SP) atender às exigências do Ministério Público Federal (MPF) e pagar a fiança de R$ 1,5 milhão. Tem mais, só não tem mais espaço.
“Menos pior”
Pesquisas internas do PDT em Minas Gerais têm apontado que, embora o vitimismo de Jair Bolsonaro monopolize boa parte das notícias, quem sai ganhando é o presidenciável do PDT, Ciro Gomes. Já há até quem acredite que a eleição pode ser definida no primeiro turno e que Ciro seria considerado pelos eleitores que rejeitam Bolsonaro como o “menos pior”. Marina Silva (Rede) no levantamento não sai do lugar e Geraldo Alckmin (PSDB) está em tendência de queda, mesmo sendo de São Paulo, maior colégio eleitoral.
Agora vai?
Como anunciado, foi ontem a reunião especial da Assembleia Legislativa (ALMG), em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Durante o evento, no Auditório José Alencar, na Assembleia, o diretor-executivo da ANTT, Fernando Paes, avisou que, até o fim do ano, haverá uma decisão em relação à renovação das concessões ferroviárias. No meio do caminho está a ferrovia Vitória/Minas, pertencente à Vale. O deputado estadual João Leite (PSDB), que preside a comissão, mais uma vez destacou que “18 cidades mineiras terão benefícios, melhorias em seus entornos, construção de passarelas e geração de empregos”.
pingafogo
n Faz sentido, mas dá uma inveja danada. Cancún? Verdadeiro paraíso turístico? Pois o ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, participará em outubro da 13ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas, em Cancún, no México.
n A autorização para o afastamento do país do ministro-general foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Na exposição de motivos da viagem, o registro: “Silva e Luna estará em viagem internacional no período de 7 a 11 de outubro”.
n A Polícia Federal (PF) ouviu. É que, em delação premiada, como convém, áudios entregues por Alvaro Novis, um dos delatores da Lava-Jato, reforçam a tese de que teve Odebrecht no meio do caminho. Quem foi gravado é o coronel Lima, amigão de Temer.
n A propósito, a defesa do presidente Michel Temer pediu mais tempo para analisar os depoimentos envolvendo o caso do decreto dos portos. Quem vai decidir é o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
n Enfim, tem a reconstrução do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Desta vez, Temer se saiu bem, ao editar a Medida Provisória (MP) para transformar Instituto Brasileiro de Museus na Agência Brasileira de Museus, o que tira boa parte de burocracia.