Uma entrevista da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) a uma rádio de Janaúba, no Norte de Minas, viralizou nas redes sociais nessa segunda-feira (10) e irritou a equipe de campanha da petista. No áudio, ela pede um papel para consultar, quando é questionada pelo jornalista José Ambrósio Prates, da Rádio Torre, sobre o que a região pode esperar dela no Senado, caso seja eleita.
“Vocês podem esperar … aquilo … só um pouquinho. Ô Eleonora? Me dá o papel, dá o papel”, diz. Alguém fala algo que não é possível ouvir e Dilma completa: “Tá com o Valdeci… Valdeci? O papel, Valdeci”, chama novamente a ex-presidente.
Quando o assessor finalmente aparece com o papel, leva um pito da candidata. “Não sei o que que você está fazendo lá fora”.
Entrevista não foi ao vivo
Diante da repercussão, nesta terça-feira (11), o jornalista José Ambrósio Prates divulgou texto explicando o contexto da entrevista. Segundo ele, ao contrário do que foi divulgado, a conversa com Dilma não foi ao vivo. O entrevistador também nega ter vazado o áudio.
Prates diz que ia para casa quando viu o comboio da ex-presidente em Janaúba e aproveitou a oportunidade para pedir a entrevista em uma casa onde Dilma almoçava. O pedido foi atendido e ela falou em um local em que outra pessoas puderam gravar.
“Começamos a gravação e foi quando ocorreu a fala que tem sido motivo das matérias publicadas como se tivesse ocorrido ao vivo. A candidata realmente interrompe pedindo um papel, que pude perceber era uma lista com números e valores de investimentos feitos pelo governo federal na cidade e região, quando a candidata era presidente da República. Quando houve a interrupção da candidata, paramos a gravação e logo em seguida iniciamos novamente a entrevista onde ela falou por cerca de 10 minutos, citando com ajuda do dito “papel”, as obras e investimentos de seu governo na região”, explicou Prates em seu blog e rede social.
O jornalista informa que a entrevista não foi veiculada na emissora de rádio com a interrupção.
Dilma reclama de má vontade
Em nota, a assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff diz que o episódio em Janaúba traduz a “má vontade” de determinados veículos de comunicação com a candidata. A assessoria informa que a entrevista foi gravada quando Dilma deixava uma residência em Janaúba e veiculada sem o trecho com a interrupção.
“Dão ares de escândalo, mas o assombro está no comportamento do repórter, que vazou o áudio tentando desconstruir a imagem de Dilma Rousseff. Qual profissional de imprensa “vaza” os bastidores da entrevista que ele conseguiu com uma pessoa pública? Isso é um desserviço ao jornalismo e ao papel da imprensa. Um lamentável retrato da mídia comprometida em promover desconstruções de adversários”, diz a nota.
A manifestação da campanha petista foi divulgada antes de o jornalista da Rádio Torre se manifestar.