No ano em que Minas Gerais registrou o menor percentual de eleitores jovens desde 1989, praticamente todos os candidatos ao governo ignoraram o tradicional debate com alunos do Colégio Batista Mineiro na manhã desta quinta-feira (13). Só a candidata do PSOL, Dirlene Marques, compareceu. Os alunos criticaram a ausência dos que disputam o comando do estado e disseram se sentir menosprezados.
Dos nove que registrados na disputa, apenas quatro tiveram voz. O governador Fernando Pimentel (PT) enviou a vice na chapa, Jô Moraes, para falar aos alunos do colégio. O senador Antonio Anastasia (PSDB) não mandou ninguém.
Os candidatos Jordano Metalúrgico (PSTU) e Romeu Zema (Novo) foram representados pelos vices Vitória Melo e Paulo Brant. Alexandre Flach havia confirmado presença, mas não foi por causa do indeferimento de sua candidatura pelo Tribunal Regional Eleitoral na quarta-feira.
O debate teve perguntas sobre propostas em várias áreas, como políticas de segurança pública, soluções para crise financeira e o atraso nos salários dos servidores públicos. Tambémhouve questões tributárias e previdenciárias.
Os alunos afirmaram que o debate ficou prejudicado pelas ausências. Para eles, os candidatos priorizam eventos em que tem mais visibilidade. "Entendemos que eles tem outros compromissos, mas nos sentimos menosprezados. Eles não faltam a reuniões com empresários e, quando são estudantes, não fazem questão de ir. Nós somos o futuro do país e, aqui, estariam construindo a imagem não só para essa eleição, mas para outras", disse a aluna do 2° ano do ensino médio, Laura Rosas, de 16 anos.
A estudante, que vota pela primeira vez nesta eleição, reclamou o falto de alguns convidados não terem nem enviado representantes.
Para Natália Góes, 17, aluna do 3° ano, as ausências podem ter ocorrido por medo dos candidatos de enfrentar as perguntas dos estudantes. A jovem disse que Anastasia e Pimentel, em especial, fizeram falta por já terem passado pelo governo.
"Seria bom que mostrassem o que pretendem fazer de novo e o que vão repetir. Por outro lado, pudemos escutar vozes que talvez ficariam prejudicadas.
Já o aluno Pedro Corrêa, 18, afirma que a ausência de Pimentel e Anastasia evitou que o debate ficasse focado em ataques, já que PT e PSDB são alvos de acusações de corrupção. O aluno do 3° ano do ensino médio, porém, lamentou as ausências.
" Já tem algum tempo que a juventude é deixada de lado pelos candidatos. Eles querem discutir em cenários de mais projeção e esquecem da política de base. Isso prejudica o estado inteiro", afirmou.
A coordenadora do curso de Sociologia e Filosofia do Colégio, Mariah Casséte, destacou a importância dos jovens e afirmou que eles não podem ser desprezados na esfera política. "São grupos que estão ingressando na vida cidadã e em formação política. Temos alguns alunos extremamente engajados e os candidatos perderam a oportunidade de se apresentar", disse. Segundo a professora, os alunos fizeram pesquisas aprofundadas de programas de governo e da história dos candidatos e partidos.
De acordo com a Justiça Eleitoral mineira, houve uma diminuição considerável do número de eleitores jovens no estado, que atingiu em 2018 o menor percentual registrado desde 1989. Em 2016 eram quase 260 mil eleitores de 16 e 17 anos (1,65% do eleitorado). Para as Eleições 2018, são 112.868 eleitores jovens nesta faixa etária, o que significa 0,71% do eleitorado mineiro. O número diminuiu também com relação a 2014, quando eram 139.643 eleitores jovens (0,91% do eleitorado).