A menos de três semanas para o primeiro turno das eleições, o candidato à Presidência Henrique Meirelles (MDB) está em uma corrida contra o tempo. Sem conseguir decolar nas pesquisas, o ex-presidente do Banco Central do governo Lula e ex-ministro da Fazenda do governo Temer acredita que com a propaganda eleitoral ele reverterá esses números e chegará ao segundo turno. “Tenho tempo de propaganda muito superior ao do Bolsonaro, ao do Ciro, ao da Marina e equivalente ao do Haddad. Tenho um potencial enorme”, afirmou Meirelles que, em campanha por Belo Horizonte, esteve ontem na sede do Estado de Minas.
O senhor está com 2% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope. Como esse número pode ser revertido e sua candidatura decolar?
A candidatura já está decolando, as pesquisas vão mostrar isso no devido tempo. O que acontecia antes é que eu não tinha nenhum nível de conhecimento entre os eleitores. Pesquisas que fizemos mostram que apenas 17% dos brasileiros conhecem o Ministério da Fazenda. Nunca fui candidato à Presidência, nunca fui conhecido da população. Portanto, a intenção de votos reflete exatamente isso. Agora, no momento em que começam as propagandas eleitorais, o processo começa devagar e depois acelera. E a minha propaganda eleitoral é considerada, inclusive pelos adversários, a melhor. Ao mesmo tempo, tenho a melhor história para contar. Fui presidente do Banco Central no governo do Lula e fui o principal responsável pelo Brasil ter crescido naquela época. Tudo isso tem que ser mostrado aos eleitores. Agora, tiramos o Brasil da maior recessão da história. É uma mensagem clara: de quem trabalhou junto com o Lula, junto com o Temer. Eu não divido o Brasil entre aqueles que gostam e não gostam do Lula, que gostam e não gostam do Temer, que gostam e não gostam do FHC. Não, eu divido o mundo entre aqueles que trabalham e não trabalham pelo Brasil. E eu trabalho pelo Brasil. Mostrando tudo isso numa propaganda bem-feita, o crescimento na pesquisa é consequência.
O senhor não divide o país, mas ele está dividido. Acredita ter trabalhando tanto no governo Lula quanto no governo Temer pode ter atrapalhado o eleitor a entender sua candidatura?
O eleitor entende perfeitamente a minha mensagem, que é clara, direta. Entende que esse ódio entre os brasileiros é que está levando a essa situação ruim, difícil. Se pegarmos os extremos, eles, de fato, estão liderando, mas com um percentual baixo. Vinte por cento com o Bolsonaro, 15% com o PT. Então temos só 35%. A grande maioria está procurando um candidato. O Alckmin não decolou – a essa altura está sendo abandonado até por pessoas que estavam trabalhando na campanha dele. Os aliados de Alckmin estão saindo há muito tempo. Tem todo esse grupo que está procurando um candidato, que vê a minha história e vê uma possibilidade enorme.
Há um temor de que os candidatos cheguem ao segundo turno com pouca representatividade, já que a campanha está muito diluída.
Candidato extremista não tem grande representatividade. O próprio Lula, naquela época (2002), fez um movimento que hoje não cola mais, que foi o de se mover para o centro. O PT não consegue dar mais essa cartada, muito menos o Bolsonaro.
Os votos indecisos têm algumas características. Um deles é do anti-petismo, eleitores que tendem a ir para um candidato de centro ou para o próprio Bolsonaro. O que o senhor tem a oferecer para o eleitor que está indeciso?
O que o eleitor quer é uma alternativa. Ele não é um eleitor da extrema-direita. Isso não existe no Brasil, essa pulsão ideológica com milhões de pessoas da extrema-direita. O que você tem são pessoas indignadas, porque grande parte dos eleitores do Bolsonaro é contra o PT. Então, a melhor alternativa para não ser PT é um candidato que vai fazer tudo aquilo que o Brasil precisa: ser democrático, com liberdade, crescendo e sem conflito. Sair de um conflito para outro não vai resolver. (Sou um) Candidato que vai unir ao invés de dividir, um candidato que tem resultado concreto pra mostrar.
O senhor já deu sua contribuição para o país com cargos executivos em governos de perfis bem diferentes. Se por acaso houver um segundo turno onde os extremos cheguem, o senhor estaria disposto a dar sua contribuição para um desses candidatos em um cargo como ministro da Fazenda ou presidente do Banco Central?
Acredito que terei a oportunidade de selecionar o ministério depois da eleição, não tomando essa decisão. As pesquisas mostram que meu potencial de crescimento é muito grande.