Na última rodada de entrevistas com os nove candidatos ao governo de Minas promovida pelo Estado de Minas/Portal Uai, Alexandre Flach (PCO) e Jordano Metalúrgico (PSTU) mostraram ontem divergências em pontos que, em tese, seriam consolidados entre as legendas de esquerda.
Para Flach, uma frente de esquerda não foi possível devido à diferença de propostas e posturas entre os partidos. Segundo ele, o Partido da Causa Operária é uma legenda “revolucionária”, já o Partido dos Trabalhadores é de “conciliação de classes”. Mas foi mais incisivo nas críticas ao PSTU. “Nós somos um partido que luta contra o golpe. O PSTU nem mesmo viu o golpe acontecer. O PSTU entrou na campanha de ‘Fora, Dilma’, ao contrário do PCO”, disparou Flach.
De acordo com Jordano, o PCO destaca o que considera uma omissão do PSTU durante o impeachment “porque de fato não está preocupado com a classe trabalhadora”. “Infelizmente, o PCO quer defender o Lula Livre. Nós defendemos que todos que for constatado que roubaram, que meteram a mão, que surrupiaram o nosso país e os trabalhadores, que se ponha na cadeia e confisque os bens”, afirmou o candidato do PSTU.
REBELIÃO Entre suas bandeiras, Jordano defende o que chama de “rebelião da classe trabalhadora”. Disse que esse movimento se daria por meio da organização dos trabalhadores em seus locais de trabalho. “Para, juntamente com a população que mora nas periferias da cidade, tomarem o poder.” Indagado se a via eleitoral poderia ser descartada, o candidato do PSTU concordou que o período, muito mais que obter um cargo, é uma oportunidade de o partido reiterar sua militância pela “organização da classe trabalhadora, para destruir o capitalismo e partir para uma revolução socialista”.
CRISE NO CAIXA Antes, Flach pregou uma nova maneira de entender a política e a forma como ocorre a relação entre Executivo e Legislativo. Sobre as dificuldades do caixa do estado em Minas, afirmou que tudo se agravou após o processo que culminou no impeachment de Dilma. Segundo ele, Michel Temer assumiu uma agenda austera em relação a Minas para dificultar as finanças do estado, administrado por Fernando Pimentel, que Flach classificou como o governador mais próximo de Lula.
Ainda de acordo com o candidato, a crise econômica “antecipada” para dar “sustentação” à saída de Dilma não foi controlada por seus incentivadores e causou o cenário de recessão, prejudicando ainda mais a entrada de recursos nos cofres públicos.
Sobre o parcelamento dos salários dos servidores, Alexandre Flach afirmou que seria suspenso imediatamente após ele assumir o comando do estado. Ele alegou que essa seria a prioridade de investimento do fluxo de caixa, além da continuidade dos serviços. “O que nós faríamos no governo é deixar de pagar os bancos. Eles que não têm o direito de receber. Quem tem o direito de receber são os funcionários, a população e os serviços. Os funcionários têm o direito de receber seus salários, muito mais que os bancos”, declarou.
O candidato do PCO disse ainda que pretende criar outro tipo de relação com a Assembleia Legislativa, pautada pela pressão popular aos deputados, e assim evitar ficar refém da troca de favores com os parlamentares para aprovar as propostas. Sobre a Cidade Administrativa, tema que vem colocando em confronto Pimentel e o candidato do PSDB, Antonio Anastasia, Alexandre Flach afirmou que consultaria a população sobre a destinação do imóvel.
Nove candidatos entrevistados
Na série de entrevistas promovida pelo Estado de Minas/Portal Uai com os candidatos ao governo de Minas, entre o dia 11 e ontem, foram ouvidos, nesta ordem, conforme a agenda dos candidatos: João Batista Mares Guia (Rede), Claudiney Dulim (Podemos), Adalclever Lopes (MDB), Fernando Pimentel (PT), Dirlene Marques (Psol), Antonio Anastasia (PSDB), Romeu Zema (Novo), Alexandre Flach (PCO) e Jordano Metalúrgico (PSTU). As entrevistas foram transmitidas ao vivo, pela página do EM no Facebook, direto do estúdio instalado na redação do jornal. Os vídeos ainda podem ser assistidos no Portal Uai e no em.com.br até as eleições.