Ao mesmo tempo em que o governador Fernando Pimentel (PT) aposta na onda Fernando Haddad (PT) para sensibilizar indecisos e alavancar a sua candidatura ao governo de Minas, o candidato tucano ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, faz movimento inverso: aposta no senador Antonio Anastasia (PSDB) candidato ao governo de Minas, na esperança de injetar sangue novo em sua candidatura, sob risco de morte por inanição.
“Há crise hoje de confiança no Brasil. vamos recuperar a confiança, trazer investimento para o país voltar a crescer e fazer justiça com Minas Gerais. Não é nenhum favor, não. É direito de Minas ter o tratamento adequado, justo, que merece”, declarou o ex-governador de São Paulo, sem detalhar.
Durante o ato de campanha, Anastasia repetiu a narrativa de que a eleição de Alckmin seja necessária para o sucesso de nova eventual gestão tucana no estado. “Governar Minas Gerais, se Deus me permitir e o povo mineiro me eleger, tendo Geraldo no Palácio do Planalto, vai significar para nós mineiros um outro patamar de conquistas, de parcerias e de vitórias”, afirmou.
“Estamos trabalhando de modo incansável para que Geraldo vá ao segundo turno e se Deus quiser ele vencerá para o bem do Brasil”, disse, invocando apoio: “É hora de Minas inteira se levantar, em um ato grandioso perante o Brasil e gritar Geraldo Alckmin, presidente da República”.
Haddad em Minas
Enquanto Alckmin se agarra a Anastasia, Pimentel faz nesta sexta-feira campanha com o presidenciável do PT, Fernando Haddad, em Ouro Preto e Betim. A avaliação da coordenação de campanha é que o governador mineiro possa surfar na “onda vermelha” de crescimento de Haddad na corrida ao Planalto. Pimentel tem mantido a estratégia retórica de nacionalizar o debate da disputa em Minas, reforçando a associação de sua imagem à do ex-presidente Lula e e do PT, e, sobretudo, culpando tucanos de terem articulado para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff e de dar sustentação política e programática ao presidente Michel Temer (MDB).
“Eu tenho lado”, afirmou Pimentel, citando Lula e Dilma e desafiando Anastasia a mostrar os seus apoiadores. “O que está acontecendo é que o eleitorado sabe quem são as pessoas. O senador foi governador, principal articulador do golpe, e é intimamente ligado ao outro senador. Então, não tem como dissociá-lo, ele sabe disso. Dizer que estamos fazendo isso de propósito não convence ninguém.”
Pimentel voltou a defender o indulto ao ex-presidente Lula. Mas disse nunca ter tratado do tema com Fernando Haddad, que negou a intenção depois das declarações do governador mineiro. “Não tem desentendimento. O que eu disse foi que se fosse eu o candidato e chegasse a presidente da República, a primeira coisa que faria seria assinar um indulto para Lula. O Haddad disse, com razão, que não tinha acertado isso com ninguém, muito menos com o Lula, e que o próprio Lula não quer (indulto), quer ser absolvido”, disse.