Documento arquivado no Itamaraty, ao qual a Folha de S. Paulo teve acesso, revela que Ana Cristina Valle, ex-mulher do candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, afirmou ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil que foi ameaçada de morte, em 2011, pelo capitão reformado do Exército. O casal travava, na época, uma briga judicial pela guarda do filho deles, Renan, com então 11 anos.
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Organizadora de grupo contra Bolsonaro no Facebook é agredida no RioVoto antipetista em Bolsonaro ainda pode mudar na reta final, dizem analistasBolsonaro começa dieta branda e tem boa evolução clínica, dizem médicosEx-esposa de Bolsonaro se diz indignada com denúncia: 'Boa índole, bom pai'A embaixada chegou a localizar e manteve contato com a Ana Cristina. Ao vice-cônsul do Brasil em Oslo, a ex-mulher de Bolsonaro disse que deixou o Brasil na ocasião porque “havia sido ameaçada de morte pelo pai do menor”, segundo um dos documentos arquivados no Itamaraty, em 2011. Ainda de acordo com o texto ao qual o Correio teve acesso, o vice-cônsul completou: “Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político naquele país.”
“HOJE ESTAMOS MUITO BEM”
Em conversa com a reportagem do Correio, Ana Cristina negou ter feito as acusações ou ter sido contatada pelo consulado brasileiro. “Nunca fui ameaçada de morte por ele. Eu não fui contatada pela embaixada na época. O governo da Noruega que ligou para o meu marido, que hoje mora comigo aqui no Brasil. Hoje, mantenho uma relação boa com Bolsonaro. Toda separação é meio difícil. Existem mágoas, um pouco de brigas, e na minha não foi diferente. Mas hoje em dia estamos muito bem”, afirmou.
Atualmente, Jair Renan vive no Brasil, com a mãe. Ana Cristina é chefe de gabinete na Câmara de Vereadores de Resende, no Rio de Janeiro, e candidata a deputada federal pelo Podemos. Apesar de não ter adotado o nome do candidato à Presidência, ela se identifica nas redes sociais e nos materiais eleitorais como Cristina Bolsonaro. “Tenho um pensamento muito parecido com o dele. Ele me incentivou a fazer faculdade e comecei a atuar no direito militar”, disse.
DIÁLOGO CONFIRMADO
No documento do Itamaraty consta o nome do embaixador brasileiro na Noruega na época, Carlos Henrique Cardim. Diplomata e professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília UnB), ele atesta o diálogo entre a ex-mulher de Bolsonaro e o vice-cônsul Mateus Henrique Zóqui, apesar de informar que não participou do diretamente do caso.
Segundo Cardim, Bolsonaro fez contato com ele naquele período para tratar do caso envolvendo o filho Renan. “Mas a embaixada não trata desses casos, no que indiquei o chefe do setor consular.” Na sequência, o embaixador entrou de férias e, por causa de assuntos pessoais, preferiu deixar o cargo no país europeu, assumindo logo depois o cargo de assessor internacional do Ministério dos Esportes.
Procurado pelo Correio, a assessoria de imprensa do candidato Jair Bolsonaro não atendeu às ligações da reportagem. Zóqui, funcionário do Itamaraty, não deu detalhes sobre o ocorrido. O Itamaraty não quis se pronunciar.
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