O general da reserva Hamilton Mourão, candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), conseguiu ao mesmo tempo irritar o presidenciável cabeça de chapa e dar munição aos adversários do líder nas pesquisas de intenção de voto na reta final da corrida presidencial. Bolsonaro não gostou das novas e polêmicas declarações de Mourão, que criticou o pagamento do 13º salário e do adicional de férias. Assim que foi informado da fala de Mourão, Bolsonaro usou o Twitter para se posicionar contra o general e orientar aliados a defender as garantias trabalhistas. Na mensagem, Bolsonaro sugere que Mourão não conhece as regras constitucionais. “O 13º salário do trabalhador está previsto no artigo 7º da Constituição, em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido nem sequer por proposta de emenda à Constituição)”, escreveu. “Criticá-lo, além de ser ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, acrescentou. Há duas semanas, o general já tinha dor de cabeça ao capitão quando disse que família que não tem pai dentro de casa é “fábrica de desajustados”, o que levou Bolsonaro a repreender o vice no dia seguinte.
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Mourão fala em 'arapuca' e nega constrangimento após tuíte de Bolsonaro'Pergunta se ele abre mão do 13º dele primeiro', diz Haddad sobre MourãoBolsonaro fica irritado com Mourão e diz que seu vice desconhece a ConstituiçãoMourão volta a criticar o 13° salário: 'Todos saímos prejudicados'Kátia Abreu ironiza ausência de vice de Bolsonaro em debate: 'Capitão ordenando um general'Revista publica depoimento de 2011 em que ex-mulher acusa Bolsonaro de furto de cofre e ocultação de patrimônio; ela agora nega'Vou ficar em silêncio obsequioso', diz vice de BolsonaroRECUO Ontem, um dia depois das declarações, Mourão recuou e disse ter sido mal interpretado. À reportagem, o vice de Bolsonaro disse que se referia, na verdade, a problemas de gerenciamento que levam empresários e até governos a atrasar ou não pagar o benefício, previsto na Constituição Federal.
Questionado sobre a reação negativa de Bolsonaro ao seu comentário, Mourão disse não ter se sentido atacado. “Não, não me sinto atacado. Até porque não estou atacando o 13º, coloquei ele como algo que tem que ser planejado, tanto para o empregador privado quanto para o Estado.”
SEM ALTA HOJE Bolsonaro teve sua alta prevista para hoje adiada. Pessoas próximas ao presidenciável informaram que houve quadro de infecção bacteriana após a retirada do cateter na quarta-feira.
A reportagem apurou que a avaliação médica repassada à equipe de Bolsonaro é de que o quadro não apresenta nenhum tipo de risco e que o candidato pode sair neste domingo.
Justiça proíbe entrevista de Adelio
O Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) suspendeu entrevista marcada de Adelio Bispo dos Santos, agressor do candidato à Presidência, Jair Bolsonaro (PSL). A liminar em mandado de segurança foi concedida pelo desembragador federal Nino Toldo. Segundo a Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul, o mandado foi impetrado contra decisão do juiz federal Dalton Conrado, corregedor da Penitenciária Federal de Campo Grande, que autorizou a entrada de repórteres da revista Veja e do SBT na unidade prisional para entrevistar Adelio.
A decisão, de 25 de setembro, estabelecia cinco dias para realização da entrevista e indeferia o pedido de outros veículos de comunicação que fizeram a mesma solicitação (O Globo, Folha e Revista Crusoé). A petição em mandado de segurança, assinada pelos procuradores da República Silvio Pettengill Neto, Silvio Pereira Amorim e Damaris Rossi Baggio Alencar, argumenta que o juiz tomou para si decisão administrativa a cargo da administração penitenciária “em notória e gravíssima violação da separação dos poderes”. Para o Ministério Público, a entrevista causaria risco à segurança da unidade penitenciária e impactos no cenário político-eleitoral, além de estimular glamourização do criminoso.
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