O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira que, caso não seja eleito, não pretender aceitar o resultado das eleições. Ele voltou a colocar sob suspeita a confiabilidade das urnas eletrônicas e disse que o fato de todo o sistema ser eletrônico pode abrir brecha para eventuais fraudes.
Ao ser perguntado se as instituições militares concordariam caso Fernando Haddad (PT) seja eleito, afirmou que sua percepção aponta para sua vitória e que não aceitaria o contrário. “Pelo que eu vejo nas ruas, não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição”, disse.
A fala foi dada em entrevista do quarto em que está no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ao programa Brasil Urgente, da Band.
Bolsonaro também tratou das “dificuldades”, como ele mesmo classificou, em lidar com o vice na chapa, general Hamilton Mourão, que desobedeceu ao combinando e fez declarações que “causaram dor de cabeça” à campanha.
Ele citou o episódio em que o vice fez críticas ao 13º salário e que causou a reação dos adversários. Bolsonaro minimizou o ocorrido.
De acordo com ele, Mourão quis dizer apenas que poderia ser “mais enxuto”, mas o desautorizou a falar até o fim do primeiro turno da campanha. “Falei com ele, falei, sim. Ficar quieto, porque, afinal de contas, está atrapalhando realmente. O vice, geralmente, não apita nada, mas atrapalha muito”, declarou.
Ainda durante a conversa com o jornalista Luiz Datena, o candidato voltou a ressaltar que, após a declaração de Mourão, sentiu a necessidade de se manifestar sobre a impossibilidade da suspensão do benefício e que, para evitar que o assunto ganhasse maior repercussão, tratou do tema também nas redes sociais.
“Fui nas redes sociais e falei claramente. Demonstra desconhecer a Constituição e agride o trabalhador”, afirmou. Bolsonaro, contudo, afastou a possibilidade de insubordinação do general. “Ele sabe disso perfeitamente, enquanto nós conversamos aceitou a situação, que o vice é para ficar subordinado ao presidente.”
O capitão reformado do Exército também criticou a recusa, por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de aplicar o voto impresso em parte das urnas como forma de auditar o resultado do pleito.
"É o grande problema que temos pela frente", disse, acrescentando que tem desconfianças em relação a "parte" dos integrantes do TSE. "Não os ministros, mas de alguns profissionais dentro do TSE", complementou.
Para Bolsonaro, o ex-presidente Lula aceitou ser preso, em abril, porque o partido conta com um "plano B", que é a fraude eleitoral nas eleições deste ano. "Não existe outra maneira de o PT ganhar se não for na fraude. O Fernando Haddad é um poste de Lula, está na cara que vai dar um indulto e colocá-lo em algum ministério."
O candidato do PSL, também criticou as pesquisas eleitorais. Ele afirmou que baseado no assédio de eleitores em fãs que recebe quando transitar pelo país em campanha, demonstra que as pesquisas não trazem resultados confiáveis.
"Não acredito. Não é o que vejo nas ruas, como me tratam nos aeroportos, nos eventos. Eu não vejo eleitor de Marina ou dos demais candidatos. Não sou nem só eu, mas quem está comigo que não vê”, disse. E afirmou que acredita vencer no primeiro turno o pleito.
Outro tema polêmico abordado pelo candidato foi sobre a campanha #EleNão, encabeçada por artistas e que faz críticas a ele e pede para que o candidato do PSL não seja eleito. “Tem umas artistas que acham que vão manipular as mulheres”, afirmou.
Ele condicionou o repúdio a ele por parte das atrizes e cantoras a pessoas que se beneficiam da Lei de Rouanet, que destina recursos à cultura.
O candidato também tratou de propostas para a área de segurança e medidas mais polêmicas, como a possibilidade de urbanizar parte da região da Floresta Amazônica.