Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Kátia Abreu ironiza ausência de vice de Bolsonaro em debate: 'Capitão ordenando um general'

- Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A ausência do general Hamilton Mourão no debate dos candidatos a vices no Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, foi criticada por Kátia Abreu (PDT-TO). A senadora, representante de Ciro Gomes (PDT), ironizou a relação de Jair Bolsonaro (PSL) com o vice da própria chapa.

“Quero dizer que serei uma vice que jamais aceitaria o meu candidato a presidente me proibir de vir a um debate, como Bolsonaro proibiu o general Mourão de estar aqui, apesar de ser um capitão ordenando a um general. Ciro Gomes jamais faria isso comigo”, ironizou Kátia Abreu logo na abertura do programa.

De acordo com a TV Cultura, o general Mourão optou por não participar do debate. Por email, o vice de Jair Bolsonaro alegou que as propostas da chapa do PSL podem ser encontradas no programa de governo.

Manuela d’Ávila (PCdoB) também não participou do programa. A vice da chapa de Fernando Haddad (PT) afirmou que ‘questões de agenda’ justificam a ausência.

Além de Kátia Abreu, outros dois candidatos participaram do debate: Eduardo Jorge, vice de Marina Silva (Rede), e Ana Amélia, da chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). Sem mencionar Mourão e Bolsonaro, ambos falaram da relação com os presidenciáveis.

“Não vai ser qualquer sacolejo do ônibus que vai nos fazer brigar e querer começar a entrar no jogo: ‘Quero jogar, quero jogar!’. Às vezes, os vices que estão entrando agora, entram no jogo e fazem gol contra. Comigo e a Marina isso não tem chance de acontecer”, disse Eduardo Jorge logo após a declaração de Kátia Abreu.

“Certamente não serei uma vice decorativa, mas uma vice com total lealdade ao presidente Geraldo Alckmin”, disse Ana Amélia.

Relação estremecida?

O general da reserva Hamilton Mourão conseguiu ao mesmo tempo irritar o presidenciável cabeça de chapa e dar munição aos adversários do líder nas pesquisas de intenção de voto na reta final da corrida presidencial.
Bolsonaro não gostou das novas e polêmicas declarações de Mourão, que criticou o pagamento do 13º salário e do adicional de férias.

Em palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, Mourão afirmou que o 13º salário e o pagamento de adicional de férias são “jabuticabas”, ou seja, só ocorrem no Brasil. “Temos umas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário”, disse. “Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Como a gente arrecada 12 (meses) e paga 13? O Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais”, continuou. “São coisas nossas, a legislação que está aí. A visão dita social com o chapéu dos outros e não do governo”, completou.

Assim que foi informado da fala de Mourão, Bolsonaro usou o Twitter para se posicionar contra o general e orientar aliados a defender as garantias trabalhistas. Na mensagem, Bolsonaro sugere que Mourão não conhece as regras constitucionais.
“O 13º salário do trabalhador está previsto no artigo 7º da Constituição, em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido nem sequer por proposta de emenda à Constituição)”, escreveu. “Criticá-lo, além de ser ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, acrescentou. Duas semanas antes, o general já tinha dado dor de cabeça ao capitão quando disse que família que não tem pai dentro de casa é “fábrica de desajustados”, o que levou Bolsonaro a repreender o vice no dia seguinte.
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