Na reta final para o primeiro turno das eleições, os candidatos ao governo de Minas trocaram acusações pulverizadas. Eles participaram do último debate antes de os mineiros irem às urnas, na TV Globo, na noite desta terça-feira.
Diferentemente dos demais debates em que a polarização entre PT e PSDB ficou marcada, desta vez, outros candidatos entraram no fogo cruzado, em especial Romeu Zema (Novo), estreante em pleitos e nos debates, e que foi bastante criticado.
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Entre todos os candidatos, o atual governador Fernando Pimentel (PT), foi o último a chegar. O PT é o único partido que conta com apoiadores na porta da emissora. Além deles, concursados da Polícia Civil que foram aprovados fazem manifestação pedindo pela nomeação. Eles têm marcado presença em todos os debates e estão acampados em frente ao Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, candidatos escolheram adversários para fazer perguntas de temas livres.
Nos últimos debates, Adalclever evitou confronto direto com Pimentel e sempre se colocou mais próximo do petista. Pimentel aproveitou a réplica para criticar também o governo de Michel Temer (MDB) e dizer que, se reeleitoo, vai governaar junto com o candidato á Presidência Fernando Haddad (PT), nacionalizando o debate.
A candidata Dirlene Marques (Psol) abriu sua participação no debate reforçando a manifestação #elenão, que levou milhares às ruas no último sábado contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) ao Palácio do Planalto. Em contrapartida, ela foi com camisa com escrito #elasim. “Sou a única candidata mulher ao governo”, destacou.
Dirlene questionou Romeu Zema (Novo) sobre o genocídio da população LGBTI.
Zema questionou Anastasia sobre o fato de pregar corte de gastos, sendo que não agiu desta forma quando governou o estado. “O ex-governador diz que vai cortar despesas, mas lembro que aconteceu extamente o contrário. Um exemplo claro é a Cidade das Águas. O monumeto, a monstruosidade que foi construído e temos governantes que estao longe de zelar tratar o meu dinheiro e o seu com muito respeito”, afirmou.
Além de lembrar a reforma administrativa feita em seu governo em 2013, Anastasia citou que a obra da Cidade das Águas foi feita patrocinada pelas Nações Unidas. Também retrucou afirmativa de Zema de que o candidato do Novo era único que pagava impostos. “Sou servidor público e pago quase 27,5% em impostos. Quem não paga é o senhor que repassa os impostos nas suas lojas”, afirmou.
Em pergunta a Claduniey Dulim (Avante), Anastasia fala sobre desemprego e critica a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), chamando-a de “senadora paraquedista”.
Segundo bloco
No segundo bloco, candidatos faziam perguntas para adversários a partir de temas sorteados. Quem abriu o bloco foi o candidato Anastasia, que questionou Zema sobre como tratará as estatais. Zema propôs uma divisão de empresas como Cemig e Copasa para criar concorrência. “Essas empresas estão longe de oferecer bom serviço ao consumidor”, afirmou.
Anastasia, que evitou confronto direto com seu principal adversário, Pimentel, afirmou que a Constituição impede que Zema leve adiante esses planos e enfatizou a necessidade de melhoria desses serviços. Depois, foi a vez de Romeu Zema perguntar e o empresário escolheu Pimentel.
Embora a pergunta fosse sobre saúde, ele enfatizou que o problema da crise do estado é a previdência, que depende de solução federal, falando mais de uma vez de Haddad, que, segundo ele, já se comprometeu. Disse também que o salário dos servidores “não está atrasado, está parcelado”, disse Pimentel. Zema disse que, se eleito, não receberá salário enquanto a situação não se regularizar, e questionou o porquê Pimentel não faz o mesmo.
"Zema, não sou rico como você. Por mais que seja mínimo o salário de governador, preciso dele para sobreviver. Meu salário recebo parcelado, como todo servidor do estado.
Ao perguntar para Dirlene Marques, Fernando Pimentel tratou sobre o salário dos servidores, focando no piso nacional dos professores e se esquivando da questão do parcelamento. Ela, entretanto, reforçou como a medida tem pesado sobre as família. “Atualmente, com esse parcelamento, a situação está extremamente difícil”, disse Dirlene, reforçando ainda a necessidade de regulamentar o piso para os professores.
No segundo bloco, o candidato Claudiney Dulim propôs corte “histórico nas secretarias”, como parte de uma reforma administrativa que vai cortar 35% dos cargos de confiança. Anastasia aproveitou para desviar do assunto e questionar afirmativa de Pimentel sobre a criação de empregos em Minas. “Vocês estão vendo tanto emprego assim?” Ao contrário: as pessoas demandam e empresários queixam que as empresas estão saindo. O governo do PT, desastroso, trouxe desemprego e desesperança”.
Anastasia também afirmou que não há previsão no orçamento do Estado pagamento do piso nacional dos professores. No terceiro bloco, Pimentel retruca e disse haver previsão.
Terceiro bloco
Mais quente entre os blocos, na terceira parte do debate entre candidatos ao governo de Minas, houve troca de acusações entre o governador Fernando Pimentel (PT) e o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB). Estreante na política, Zema, que está no terceiro lugar nas pesquisas, também foi alvo de críticas por parte dos adversários. "Collor acabou de chegar a Minas Gerais: o novo caçador de marajás", ironizou Claudiney Dulim a Zema.
"Eu estava nas ruas enquanto o senhor estava em Harvard.
“Não posso mudar a lei do município. Mas, não é porque não tenho como interferir, que não posso me indignar. Tem que acabar com essa pouca vergonha. Tem muito privilégio que é o povo que passa fome que fica sustentando”, afirmou. Anastasia, que tenta conquistar eleitores identificados com o perfil liberal de Zema, também criticou o candidato, ironizando-o a respeito da burocracia que envolve obras públicas.
“Vou lhe ensinar isso. Não se escolhe livremente quem será contratado”, afirmou. E aproveitou para provocar Pimentel ao justificar o porquê algumas intervenções não foram concluídas. “O que aconteceu é que o atual governador não deu continuidade às obras ”, disse.
Assim que teve chance de falar, Pimentel não perdeu a oportunidade de falar da “herança maldito” do PSDB. “Quem não fez nada por Minas Gerais foi o senador Anastasia lá no Senado. Nós temos uma crise estrutural no governo, ficaram, 12 anos. Fizeram um monte de obras desnecessárias. Um rombo criado no governo deles. A crise de Minas Gerais tem tudo a ver com a herança do governo do PSDB”, ressalta Pimentel, que, apesar declarações, evitou confronto direto com Pimentel.
Quarto bloco
No quarto e último bloco, os candidatos voltaram a direcionar perguntas com temas sorteados. Logo na abertura, Claudiney Dulim voltou a atacar Zema. “Você precisam explicar o que está fazendo aqui. Esse projeto de ser o “novo” discutem e não resolvem nada”, disse, Anastasia e Claudiney trocaram bola no debate, sem confronto direto e usando perguntas para enfatizar as políticas que adotarão no governo.
Questionado sobre desenvolvimento regional por Zema, Pimentel voltou a falar do governo que o antecedeu e ainda citou obras “sem necessidade” que tem relação direta com o senador Aécio Neves. “Um centro de convenções fantasma em São João del Rey e um aeroporto em Cláudio”, afirmou.
Anastasia retrucou: “Em algum momento deste debate, tive vontade rir. Foram tantas aberrações faladas pelo Pimentel que pensei: em que mundo ele vive? Minas tem 853 municípios, fizemos estradas asfaltadas em 220. Faltaram cinco, que era responsabilidade federal e o PT não fez", afirma. Candidatos fizeram considerações finais..