Diante da alta rejeição dos dois candidatos à Presidência da República com mais intenção de votos, é possível que o Brasil volte a presenciar algo que aconteceu pela última vez 20 anos atrás: a definição do vencedor da disputa logo no primeiro turno. Embora a probabilidade de que isso aconteça seja considerada baixa pelos analistas, a hipótese não é completamente descartada. A depender da quantidade de votos nulos e brancos e da taxa de abstenção — além de uma eventual migração de votos na última hora —, o apoio de 36% do eleitorado nas pesquisas de intenção de voto pode resultar em mais de 50% dos votos válidos na eleição.
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Romeu Zema, do Novo, encerra debate pedindo votos para Amoêdo e Bolsonaro Romário diz que é a favor da democracia, apesar de apoio de vice a BolsonaroColigação de Haddad aciona TSE contra campanha de BolsonaroBolsonaro centra seus ataques no PT na reta final do 1º turnoCaso a mesma porcentagem do eleitorado não vote este ano ou prefira abrir mão da escolha, por meio de votos brancos ou nulos (que, na prática, têm o mesmo efeito e são descartados da contagem), os 53 milhões, em um universo de 104,6 milhões que vão votar, passarão a corresponder a 50,7% dos votos válidos. Esse total garante a vitória já no próximo domingo, já que, para ser eleito no primeiro turno, o candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um.
O candidato mais próximo disso, atualmente, é Jair Bolsonaro (PSL). Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, ele contava com 32% das intenções de voto.
Para o cientista político Leonardo Barreto, da Factual Informação e Análise, as chances de a eleição presidencial ser decidida de forma definitiva no próximo domingo é de 2%. O cientista político Murillo Aragão, da Arko Advice, também vê chances baixas de um desfecho sem o segundo turno. Há duas semanas, porém, a consulturia calculava 30% de possibilidade de Bolsonaro vencer de primeira — com viés de alta. “Sempre é possível que ocorra uma variação expressiva.
Precedentes
As únicas eleições presidenciais em que um candidato venceu no primeiro turno foram as de 1994 e em 1998, ambas com Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os especialistas ressaltam que há muitas diferenças entre o quadro atual e aquela situação. Em fevereiro de 1994, havia sido aprovado o Plano Real, enquanto o tucano era ministro da Fazenda. Os efeitos começavam a ser sentidos pela população. Não por acaso, FHC era o menos rejeitado nas pesquisas. A dois dias da votação, apenas 17% dos eleitores o descartavam, segundo o Datafolha. Hoje, 46% dos eleitores dizem que não votam de jeito nenhum no capitão reformado do Exército. O outro candidato mais competitivo, Fernando Haddad (PT), tem 41% de rejeição.
O impacto de um candidato que “tirou o Brasil da crise”, em 1994, é concreto, ao contrário do que acontece hoje.
Fernando Henrique tinha 48% das intenções de voto na última pesquisa antes das eleições de 1994. No fim das contas, foi eleito com 54%, devido às abstenções e aos votos nulos e brancos. Em 1º de outubro, na pesquisa de boca de urna, ele computava 55% dos votos válidos. O segundo colocado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tinha 28%.