Extinta na Câmara Municipal de Belo Horizonte há pouco mais de três anos, a chamada verba indenizatória pode voltar a ser paga aos 41 vereadores da capital.
A ideia é que os parlamentares recebam individualmente o dinheiro, mediante a apresentação de nota fiscal, para custear gastos com serviços de correio, material gráfico, telefone e gasolina, entre outros.
O benefício era de R$ 15 mil mensais quando foi substituído por um processo de licitação por área, onde empresas foram contratadas para prestar o serviço aos gabinetes.
Os vereadores elegem o novo presidente da Casa em 12 de dezembro. Nos bastidores, possíveis candidatos já estariam recebendo a demanda dos colegas.
Henrique Braga (PSDB), o atual presidente da Câmara, não poderá ser reeleito, já que a Lei Orgânica do Município proíbe a reeleição em uma mesma legislatura.
No entanto, um projeto de lei alterando o artigo 72 da legislação retira do texto trecho que vedava a reeleição. A proposta é assinada por 15 vereadores e ainda não foi votada no plenário.
Para que a verba retorne, é preciso, no entanto, um projeto de resolução apresentado pela Mesa Diretora e aprovação em dois turnos pelos demais vereadores. Ao contrário do salário, a regra pode ser colocada em prática na mesma legislatura.
De acordo com o diretor de Administração e Finanças da Câmara, Guilherme Avelar, o corte da verba indenizatória resultou em uma economia de R$ 2,1 milhões para os cofres da Casa.
Segundo ele, não há nada oficial sobre o assunto, mas há sobra em caixa para bancar o custeio do mandato parlamentar.
“Orçamento temos para voltar, porque hoje temos uma folga orçamentária de aproximadamente R$ 40 milhões por ano. A questão é se há conveniência para isso”, afirmou o diretor do Legislativo.
Vereadores ouvidos pela reportagem confirmaram as discussões. “Existe um movimento que quer que volte a verba, mas é muito difícil. Quando você joga o que foi licitado em números, como antes não tinham limites, os gastos extrapolavam muito”, afirmou um parlamentar que pediu para manter o anonimato.
A regra atual prevê um limite de gasto total por parlamentar de R$ 226, 3 mil a cada ano. Os recursos podem ser usados para serviços postais, telefone, material de escritório e de informática, serviços gráficos, jornal de divulgação, carimbos, material de copa e veículos.
Despesas com alimentação, consultoria e manutenção de escritório externo de representação parlamentar não são mais custeadas com recursos da Câmara.
Transparente
O uso de verbas indenizatórias na foi alvo de várias ações do Ministério Público, e alguns vereadores chegaram a ser denunciados por fraude, especialmente na divulgação de atividade parlamentar e gastos com gasolina. O ressarcimento era feito mediante a apresentação de nota fiscal, muitas vezes falsas.
Em março de 2015 foi aprovada uma resolução extinguindo o beneficio, que na ocasião era de R$ 15 mil mensais.
O então presidente da Casa, Wellington Magalhães, justificou que o objetivo era tornar o uso do dinheiro público mais transparente e economizar ao promover compras conjuntas para os 41 vereadores.
A cota foi mantida, com a diferença que o vereador perdeu a autonomia para contratar prestadores de serviços.