O número de militares e agentes de segurança pública que tentam cargos no Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia por Minas Gerais em outubro aumentou 113% em relação às últimas eleições gerais. Levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que, em 2014, 37 candidatos eram ligados às polícias, Corpo de Bombeiros ou Forças Armadas. Este ano, são 79.
Em 2010, esse número não alcançou uma dezena. Em 2018, dois candidatos à Presidência são militares: Jair Bolsonaro (PSL), que tem o general Mourão (PRTB) como vice, e Cabo Daciolo (Patriotas). Apesar do grande número na disputa, não é uma tarefa fácil para os militares conseguirem votos suficientes para se eleger.
Pesquisa “Da polícia à política”, produzida pelos pesquisadores Fábia Berlatto e Adriano Codato, ambos da Universidade Federal do Paraná, mostra que entre 1998 e 2014, 972 militares tentaram vaga no Congresso, mas apenas 17 foram eleitos no período.
“Este é o momento de os militares entrarem na política”, afirma o candidato a deputado federal Coronel Bianchini (PRB). Para ele, o aumento das candidaturas vem de um sentimento de que pessoas ligadas à pauta da segurança pública podem agir no poder público. “Isso tem colocado os militares em evidência e a população não aguenta mais violência e corrupção. O eleitor enxerga no militar uma pessoa que tem compromisso com a sociedade”, argumenta.
Outro concorrente ao Legislativo por Minas, o Coronel Ricardo Machado (DEM) acredita que há uma demanda de renovação no eleitorado que impulsiona a candidatura de militares. Machado considera que a segurança pública é a principal pauta em 2018. “O Estado foi constituído para dar segurança ao cidadão. Sem segurança a educação não funciona, nem a saúde, nem a economia”, afirma.
“Os agentes da segurança pública entendem do assunto. Tem muita gente que fica analisando estatística e nunca entrou em uma delegacia”, argumenta o candidato Inspetor Elvimar (Avante). Para ele, nesta eleição, a preocupação com a segurança vai levar mais militares ao Legislativo. “Todo mundo quer mudança e só os legisladores não estão entendendo que estamos no caminho errado. Nós conhecemos bem a realidade”, afirma.
Por outro lado, o candidato Inspetor William Braga (PHS) tenta uma vaga no Legislativo para representar os agentes de segurança pública, em especial a Polícia Civil. “É preciso alguém na política que conheça a polícia e acredito que teremos uma aceitação grande”. O sistema de segurança pública, afirma o candidato, vai ter grande representatividade nas assembleias por todo o país.
* Estagiário sob a supervisão da editora-assistente Vera Schmitz