Ainda no calor da apuração das eleições de 2014, enquanto Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) disputavam voto a voto o emprego mais difícil dos últimos quatro anos, jornalistas que trabalhavam diretamente em redes sociais viram surgir um fenômeno que, à época, parecia inusitado. Nos comentários de matérias postadas pelos veículos de comunicação em suas páginas oficiais, brotava a hashtag #Bolsonaro2018.
O “fenômeno”, que começou discreto, ganhou vulto em 2015 e 2016, crescendo de maneira inversamente proporcional à popularidade dos líderes da corrida presidencial de 2014. Quanto mais prestígio perdiam Dilma e Aécio, em função do impeachment e dos escândalos de corrupção da JBS, mais se multiplicavam, em redes sociais, as menções ao terceiro deputado federal mais votado no país na ocasião, Jair Bolsonaro (PSL). Nas bolhas da esquerda, a tag soava como piada. No mundo virtual, era o prenúncio da candidatura fulminante que obteve mais de 46% dos votos neste 7 de outubro e sai com vantagem rumo ao segundo turno.
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