Um dia depois de surpreender e liderar o primeiro turno das eleições para governador do Rio, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) teve de dar explicações sobre a sua presença em um ato de campanha em que os então candidatos Rodrigo Amorim e Daniel Silveira - eleitos, respectivamente, deputados estadual e federal pelo partido de Jair Bolsonaro, o PSL - destruíram uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março.
Vídeo gravado no dia 30, durante agenda de campanha em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, mostra discurso de Amorim, no palanque, ao lado de Silveira e também de Witzel, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
"Esses vagabundos, eles foram na Cinelândia e, à revelia de todo mundo, pegaram uma placa da Praça Marechal Floriano, no Rio de Janeiro, e botaram uma placa escrito Rua Marielle Franco. Eu e Daniel essa semana fomos lá e quebramos a placa", discursou Amorim. "Jair Bolsonaro sofreu um atentado contra a democracia e esses canalhas calaram a boca. Por isso, a gente vai varrer esses vagabundos."
Em nota oficial, a assessoria do candidato informou que ele "participava de um ato de campanha em Petrópolis quando a placa foi quebrada por outro candidato". "Naquele momento, Wilson discursava sobre suas propostas de governo. Ele reitera o que já declarou outras vezes, que lamenta a morte de qualquer ser humano em circunstâncias criminosas e as investigações de homicídio devem ser conduzidas com rigor, e, assim, será feito caso seja eleito, dando respostas efetivas à sociedade", afirma a assessoria do candidato do PSC.
Analistas ouvidos pelo jornal dizem que a associação do ex-juiz com grupos evangélicos, agentes de segurança e, sobretudo, o seu alinhamento com a família Bolsonaro teriam sido decisivos para seu desempenho nas urnas no Domingo.
O ex-juiz federal chega ao segundo turno com o capital de 3,1 milhões de votos, mais do que o dobro do alcançado pelo ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) - 1,494 milhão -, candidato do DEM, que liderava todas as pesquisas de intenção de voto com pelo menos 10 pontos porcentuais de folga.
Em passagem rápida pela Central do Brasil nesta segunda-feira, 8, para cumprimentar eleitores, Witzel disse que as semelhanças programáticas com Bolsonaro e a presença nas ruas em agendas de campanha com Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho dele e eleito senador, tiveram peso em sua votação.
"Há uma identidade. Nós estamos falando aquilo que a população quer ouvir. Estar ao lado do Flávio mostrou à população um alinhamento ainda maior", afirmou o candidato.