Um pequeno grupo de oito senadores foi poupado do amplo processo de renovação que marcou a eleição para a Casa, no domingo:das 54 cadeiras em disputa, 85% ficaram com novatos. Os sobreviventes são legisladores que conseguiram receber a confiança do eleitorado, apesar de um clima generalizado de descrédito na política brasileira, afetada por denúncias de corrupção e outras irregularidades. Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE) estão entre os reeleitos e vão atuar ao lado de 46 novos senadores e dos 27 que têm mandato até 2022.
A composição da Casa para a próxima legislatura se anuncia bem mais conservadora, dominada por parlamentares que, durante a campanha eleitoral, empunharam as bandeiras da segurança pública e do combate à corrupção. Predominam os adeptos de propostas como a redução da maioridade penal e a revogação do Estatuto do Desarmamento.
O pequeno grupo dos veteranos que voltarão ao tapete azul, em 2019, inclui ainda Sérgio Petecão (PSD-AC), Eduardo Braga (MDB-AM), Jader Barbalho (MDB-PA), Ciro Nogueira (PP-PI) e Paulo Paim (PT-RS).
O perfil dos reeleitos mistura os que se mantiveram fiéis a uma só legenda e os que transitaram por várias ao longo da carreira política e parlamentar. Quase todos percorreram o Legislativo desde a esfera municipal e estadual.
Confirmados nas urnas
Sérgio Petecão (PSD-AC)
O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), de 58 anos, foi reeleito para o segundo mandato consecutivo com 30,71% dos votos, à frente de Márcio Bittar (MDB), que ficou com 23,28% e vai ocupar a segunda vaga de senador do Estado. Nascido em Rio Branco, Petecão é empresário e candidatou-se pela primeira vez em 1984, ao cargo de vereador. Em 1990, filiou-se ao Partido da Mobilização Nacional (PMN). Em 1994, foi eleito deputado estadual, sendo reeleito em 1998 e 2002.
Renan Calheiros (MDB-AL)
Reeleito com 23,88% dos votos, Renan Calheiros (MDB-AL), de 63 anos, vai para ou quarto mandato no Senado. Na eleição de domingo, ele ficou atrás de Rodrigo Cunha (PSDB), estreante na Casa, eleito com 34,42% dos votos. Nascido em Murici (AL), Calheiros iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, nos anos 1970, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Eleito pela primeira vez em 2010, pelo PSol, Randolfe Rodrigues, 45 anos, retorna ao Senado como o mais votado no Amapá, agora pela Rede. Graduado em história e direito, deputado estadual por dois mandatos, estreou na Casa como o mais jovem daquela legislatura. Ele foi filiado ao PT e ao PSol antes de ir para o Rede Sustentabilidade. No primeiro mandato, candidatou-se duas vezes à Presidência do Senado, perdendo a disputa, respectivamente, para os peemedebistas José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL).
É também integrante do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Eduardo Braga (MDB-AM)
O senador Eduardo Braga (MDB-AM), 58 anos, foi reeleito para o segundo mandato consecutivo, com 18,45% dos votos. Na votação de domingo, ficou em segundo lugar, atrás do deputado estadual Plínio Valério (PSDB), eleito com 25,36%. Nascido em Belém (PA), Eduardo Braga é empresário e formado em engenharia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ele iniciou a carreira política nos anos 1980, como vereador em Manaus pelo extinto PDS. Após cumprir mandatos de deputado estadual e federal, elegeu-se vice-prefeito de Manaus em 1992. Eleito governador em primeiro turno, em 2002, repetiu o resultado quatro anos mais tarde. Em 2010, elegeu-se senador e dedicou o mandato a temas relacionados à integração regional e à infraestrutura. De 2012 a 2014, foi líder do governo da presidente Dilma Rousseff no Senado. Em 2015 e 2016, interrompeu a atividade legislativa para comandar o Ministério de Minas e Energia.
Jader Barbalho (MDB-PA)
O senador Jader Barbalho (MDB-PA), 74 anos, foi o mais votado no domingo em seu estado e se reelegeu com 19,74% dos votos.
Humberto Costa (PT-PE)
O senador Humberto Costa (PT-PE), 61 anos, foi reeleito para o segundo mandato consecutivo após liderar a votação de domingo, com 25,76% dos votos.
Ciro Nogueira (PP-PI)
O senador Ciro Nogueira (PP) foi reeleito para o segundo mandato consecutivo como o mais votado no Piauí. Ele recebeu 29,75% dos votos, enquanto o deputado federal Marcelo Castro (MDB-PI) foi eleito para ocupar a segunda vaga de senador do estado, com 26,84% dos votos. Natural de Teresina, empresário e graduado em direito, Ciro Nogueira participa da vida pública desde os 26 anos, idade em que foi eleito deputado federal. Reeleito três vezes para a Câmara dos Deputados, ele chegou ao Senado em 2010. Atual presidente do Partido Progressista (PP), integra as comissões de Assuntos Econômicos; Assuntos Sociais; Constituição, Justiça e Cidadania; Direitos Humanos e Legislação Participativa; Desenvolvimento Regional e Turismo; Educação, Cultura e Esporte.
Paulo Paim (PT-RS)
Natural de Caxias do Sul (RS), o senador Paulo Paim (PT-RS), 68 anos, foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo com 17,76% dos votos. Ficou atrás de Luis Carlos Heinze, o mais votado no estado, com 21,9% dos votos. De família humilde, Paim começou a trabalhar ainda criança. Na adolescência, fez o curso de matrizeiro e ferramenteiro no Senai, paralelamente ao ensino médio. Em 1981, assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. Chegou a ser vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e filiou-se ao PT em 1985. Um ano depois, elegeu-se deputado federal e foi um dos constituintes. Em 2002, foi eleito para o Senado, onde foi vice-presidente da Casa e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. É autor do projeto que criou o Estatuto do Idoso e coautor do projeto original da Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, que criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
(Com informações de Jorge Vaasconcelos - Especial ara o Correio Braziliense).