Brasília – A guerra das fake news nas redes sociais levou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, a convocar reunião para hoje com os coordenadores de campanha dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O objetivo do encontro é formalizar um pacto para combater fake news no segundo turno.
Haddad já propôs acordo, mas Bolsonaro se manifestou nas redes sociais contra a proposta. O tribunal decidiu reforçar o cerco às notícias falsas colocando três servidores da área técnica dentro do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, que monitora a segurança das eleições, em Brasília.
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O aplicativo de mensagens instantâneas foi identificado pelo conselho como um dos principais meios de transmissão de fake news, mas o TSE tem afirmado que há dificuldades para tomar providências por causa de limitações técnicas, principalmente pela impossibilidade de identificar a origem da informação falsa. O conselho consultivo deverá pedir um empenho do WhatsApp para conter a disseminação de fake news.
Na última sexta-feira, inclusive, o ministro do TSE Luis Felipe Salomão negou pedido de liminar feito pela coligação de Fernando Haddad para retirar conteúdos ofensivos e falsos de um grupo de WhatsApp.
O alvo do pedido do PT era um grupo com 173 participantes, cujos administradores já foram identificados, que divulga notícias falsas.
Salomão escreveu em sua decisão que as mensagens por WhatsApp não são abertas ao público, como as do Facebook e Twitter. “A comunicação é de natureza privada e fica restrita aos interlocutores ou a um grupo limitado de pessoas, como ocorreu na hipótese dos autos, de modo que a interferência desta Justiça especializada deve ser minimalista, sob pena de silenciar o discurso dos cidadãos comuns no debate democrático”, afirmou. Em um exame preliminar, e ressalvados os casos de difusão de práticas criminosas, parece evidente a inviabilidade desse tipo de controle, porquanto a Justiça Eleitoral é incapaz de acompanhar todas conversas e manifestações externadas nas mídias eletrônicas, como aplicativos de mensagens instantânea.
NEGATIVA Em decisão tomada ontem, o ministro Salomão negou dois pedidos da coligação de Haddad para suspender inserções televisivas de Bolsonaro. As peças publicitárias afirmam que o petista quer “desarmar a população” e o associam ao ex-ministro José Dirceu e ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. As inserções televisivas foram veiculadas na última sexta-feira.
Na segunda peça contestada pela coligação de Haddad, a campanha de Bolsonaro diz que “Haddad quer desarmar a população”, enquanto Bolsonaro “acredita que o cidadão deve ter o direito à legítima defesa”. A inserção também afirma: “A esquerda defende a legalização da maconha e do aborto. Bolsonaro é radicalmente contra as drogas e para ele o direito a vida é sagrado”.
Para o ministro Luís Felipe Salomão, as duas propagandas de Bolsonaro veiculam conteúdo inerente “ao debate político-eleitoral e condiz com o horário gratuito, alcançado, portanto, pelo exercício legítimo da liberdade de expressão e opinião”.
Já o ministro do TSE Sergio Banhos determinou a retirada de vídeo em 38 perfis de usuários do Facebook, atendendo a pedido formulado por Manuela D’Ávila. O ministro deu prazo de 24 horas, a partir da ciência da decisão liminar, para a empresa Facebook Serviços Online Brasil remover o vídeo, ofensivo à candidata, dos perfis mencionados.
O ministro estendeu o alcance de liminar deferida no dia 8 ordenando a suspensão imediata da publicação do vídeo. No novo pedido, Manuela e sua coligação alegaram que, não obstante o deferimento da decisão liminar, a mesma publicação permanece sendo veiculada por perfis no Facebook, “alcançando dezenas de milhares de pessoas”.
Agora, Banhos determinou que o Facebook apresente, em 48 horas, os dados cadastrais dos responsáveis pela divulgação do vídeo impugnado, bem como os registros de acesso à aplicação de internet eventualmente disponíveis. Ele ordenou ainda a inclusão das pessoas responsáveis pelas postagens no polo passivo do processo.
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